O que são Opções?
O que são Opções?
O cinema cria no imaginário coletivo a imagem do investidor bem sucedido. Basta assistir A Grande Aposta (2016), O Lobo de Wall Street (2013) ou Wall Street: Poder e Cobiça (1987) para entender como funciona esse jogo: a adrenalina do pregão, a compra e a venda in loco de papéis seguida do enriquecimento rápido ou da perda colossal de todo o dinheiro que o personagem tinha em mãos. Todos já devem ter assistido algum filme com um enredo semelhante e logo associou o sucesso à jornada de um jovem acionista. Mas outra possibilidade – que poucos fazem a ligação – é a de que não eram ações que estavam sendo negociadas, e sim opções.
Com ganhos e volatilidade tão frenéticos quanto o mercado de ações, esse investimento quase desconhecido da bolsa de valores também é capaz de gerar enormes ganhos ou grandes perdas. Mas poucos investidores iniciantes estão familiarizados com as opções. Para acabar com esse problema e aumentar seu conhecimento sobre o mercado financeiro, o IQ criou este guia que responde às principais dúvidas sobre as opções.
Tipos de Opções
A compra de uma opção significa, em linhas gerais, a aquisição do direito sobre outros ativos da bolsa. Um investidor comprador – também chamado de investidor titular – adquire o direito de comprar ou vender, em um momento futuro, ações de um outro investidor.
Pode ser complicado em um primeiro momento entender o conceito, mas ele é mais fácil do que parece. Mas, antes, é preciso explicar alguns jargões do mercado usados nesse tipo de negociação, pois não vai ser incomum você se deparar com estas palavras sempre que for negociar opções:
- Call: é o direito de compra de ações por parte do investidor titular;
- Put: o direito de venda de papéis;
- Strike: o preço final pago pela opção, para que ela seja cumprida;
- Prêmio: o valor de garantia pago pela opção pelo investidor titular para o lançador;
- Investidor titular: como apontado, o investidor que compra as opções;
- Investidor lançador: o vendedor, que lança os ativos no mercado.
Veja esse exemplo simplificado, pegando uma hipotética situação:
Dois amigos estão em meio a uma negociação. Um está querendo vender sua moto por R$ 10 mil. O outro, ponderando sobre a compra da moto, checa suas finanças e percebe que tem apenas R$ 500 disponíveis. No entanto, em três meses ele receberá um pagamento com o qual poderá pagar pelo ativo, no caso, a moto.
Então, ele combina com o amigo o seguinte: pagando R$ 500, ele adquire o direito de, daqui a três meses, decidir pela compra ou não da moto. Em outras palavras, ele tem a opção sobre o ativo. O amigo aceita a proposta e assume a responsabilidade de vender a moto caso o amigo decida comprá-la.
A vantagem do uso de opções, nesse caso, aplica-se da seguinte forma: o amigo que está pensando em comprar a moto pode assegurar que o veículo (ativo) não será vendido até que ele disponha de todo o dinheiro necessário para comprar a moto. E, nesse período, poderá avaliar se realmente deseja comprar ou não o ativo.
Já o amigo que está vendendo a moto conseguirá uma recompensa ao aguardar o prazo da opção expirar.
Como funciona o mercado de opções? Alguns exemplos
Para entender como as opções funcionam na prática, talvez o ideal seja acompanhar um exemplo específico:
Vamos supor que você queira investir na Petrobras, que está com suas ações sendo negociadas a R$ 15. Porém, você não tem, hoje, a quantidade necessária de dinheiro para adquirir o lote que deseja dos papéis da companhia. Então, você compra por R$ 1 o direito de ficar com as ações da empresa por R$ 15, no prazo de um mês – esse seria o tempo que você precisa para ter o dinheiro e comprar as ações.
Se, durante esse período, a ação subir e alcançar o valor de R$ 20, por exemplo, você exercerá sua opção de comprar o papel por R$ 15, conforme foi acordado. Sua rentabilidade será de R$ 4 no negócio.
Porém, se ação tiver apenas um crescimento modesto de, apenas, R$ 1 no mesmo período, alcançando o valor de R$ 16, você estará numa posição neutra, não acumulando prejuízo ou lucro com a operação.
Agora, se os papéis da Petrobras apresentarem queda e chegarem ao valor de R$ 14, por exemplo, não fará sentido você comprar as ações, pois elas estarão abaixo do valor inicial. Por isso, você deixará de exercer seu poder de compra e terá um prejuízo de R$ 1 por ação. Esse é o funcionamento básico das opções, sendo descrita aqui uma operação de call. O conceito das operações de put é o mesmo, mas invertendo os agentes – portanto, o dono das ações é quem compra as opções de queda e arca com os custos, para ter direito de solicitar a venda de seus papéis em caso de baixa.
Tabela de opções
Para comprar uma opção, o processo é muito próximo da compra de ações: basta que você entre no seu home broker e digite o código da opção desejada, defina a quantidade, o valor máximo que está disposto a pagar e envie a ordem de compra.
É preciso entender, porém, como os códigos funcionam para poder encontrar as opções que deseja. Diferentemente das ações, que contam com quatro letras e o número que identifica o tipo de ação, os códigos das opções possuem cinco letras e dois números, sendo:
- As 4 primeiras letras referente à companhia da opção (por exemplo, se estamos falando da Petrobras, o início do código seria o PETR);
- A 5ª letra refere-se ao mês de vencimento da opção (que pode se ser encontrada na tabela abaixo). Se queremos adquirir uma opção de compra para o mês de Abril, por exemplo, colocaríamos no código a letra D. Junto com a companhia, que é a Petrobras, teríamos até então o código PETRD.
- Os 2 números se referem ao valor pago pela opção (ainda que nem sempre eles representem o valor real), então, continuando nosso exemplo, se pagássemos o valor hipotético de R$ 15 para a nossa opção teríamos o código PETRD15.
Agora, colocando esse código no Home Broker, pode-se definir a quantidade de opções que gostaríamos de aplicar da Petrobras pelo valor de R$ 15 e finalizar o investimento.
Abaixo, a tabela com o código das opções de compra e de venda com seus respectivos meses de vencimento:
Mês de Vencimento | Opção de Compra | Opção de Venda |
Janeiro | A | M |
Fevereiro | B | N |
Março | C | O |
Abril | D | P |
Maio | E | Q |
Junho | F | R |
Julho | G | S |
Agosto | H | T |
Setembro | I | U |
Outubro | J | V |
Novembro | K | W |
Dezembro | L | X |
Como usar opções para fazer hedge?
É possível usar opções para fazer hedge, que nada mais é do que uma proteção de sua carteira de ações.
Isso pode ser feito com o investidor comprando opções de venda (put) dos papéis de uma companhia que ele já tenha em sua carteira, ou seja, ele se previne contra eventuais quedas e garante que conseguirá comprar suas ações com uma perda mínima.
Quais as vantagens de transacionar opções?
As opções são uma forma complexa de investimento, mas que têm uma oportunidade extraordinária de ganho no curto prazo.
Se bem sucedida a aplicação, é possível ter uma rentabilidade altíssima com pouco dinheiro investido. Assim, o ganho pode ser muitas vezes maior do que o valor aplicado. E é possível investir e lucrar em qualquer situação do mercado, estando ele em alta ou em baixa.
Elas também têm a vantagem de permitir que o investidor monte diferentes tipos de estratégia com um custo relativamente baixo – embora seja exigido um conhecimento avançado do mercado. As opções também podem ser usadas como “seguro”, comprando opções de venda para cobrir eventuais quedas em sua carteira de ações.
Quais são as desvantagens?
Opções são investimentos extremamente voláteis, com enorme risco de os investidores perderem todo o dinheiro aplicado. Não é incomum que opções compradas virem pó e nunca alcancem os valores pré-determinados.
Assim, opções não são um investimento recomendado para iniciantes, sobretudo para aqueles que nunca operaram na B3 ou que não estejam familiarizados com o mercado especulativo. A chance que esses investidores têm de nunca mais verem seu dinheiro é enorme.
Algumas opções também podem sofrer com o efeito de ágio e deságio no momento da compra e da venda, o que pode diminuir seus ganhos ou acentuar suas perdas.
Também vale ficar atento para os códigos de negociação. Como mostramos, nem sempre eles condizem com o valor real que a opção está sendo vendida. Pode acontecer de no código estar o número 12, mas as opções estarem sendo vendidas por R$ 11,80, por exemplo.