Autoconhecimento e autoestima: o que isso tem a ver com sua saúde financeira?
Autoconhecimento e autoestima são dois termos em evidência, muito por conta da crescente preocupação da população em geral quanto à saúde emocional.
O que pouca gente se dá conta é que essas habilidades impactam também na saúde física, saúde social e, acredite, na saúde financeira. São coisas diferentes, sim, mas na complexidade que é a vida humana, o fato de que tudo parece estar interligado é bastante curioso.
Neste artigo, você vai entender que quem pratica o autoconhecimento e cuida da autoestima está dando o primeiro passo para ter hábitos financeiros mais saudáveis.
O que é autoconhecimento e autoestima?
As definições de autoconhecimento e autoestima são diferentes, mas complementares.
Autoconhecimento é a capacidade de investigar e conhecer a si próprio, o que inclui reconhecer suas forças, fraquezas e todas as demais características que não são simples de categorizar como virtudes ou defeitos.
Por exemplo, quais são seus padrões de comportamento? Quais são os seus valores (aspiracionais e aqueles que demonstra na prática)? O que te motiva? Quais são os verdadeiros medos, traumas e sentimentos por trás das suas ações? O verdadeiro autoconhecimento é aquele que permite à pessoa ser honesta consigo mesma e, assim, controlar melhor suas emoções e ações.
Já autoestima é a qualidade daquela pessoa que, além de conhecer a si própria, se aceita do jeito que é. Isso não quer dizer que ela se considere perfeita e acredite que não há nada que possa ser mudado nela. Mas sim que ela sabe que essas limitações não diminuem seu valor como pessoa.
No dia a dia, uma pessoa com níveis saudáveis de autoestima demonstra bastante confiança nas suas ações e no seu modo de se relacionar.
Por que autoconhecimento e autoestima são habilidades importantes?
Qualquer pessoa, por mais feliz e bem-sucedida que seja, tem o que melhorar. Ela pode ter uma linda família, amizades incríveis, um bom trabalho, dinheiro e saúde, mas sempre terá atributos para aperfeiçoar.
Essa é uma das razões que tornam o autoconhecimento importante: é muito mais fácil e eficiente evoluir se você tem a capacidade de reconhecer seus vícios e virtudes. O autoconhecimento não ajuda apenas a direcionar os esforços de melhoria, mas a criar planos de ação com maior chance de sucesso.
No caso da autoestima, ela tem muito a ver com o lado motivacional. Se você gosta e acredita em si próprio, vai cumprir os planos traçados com maior disposição. Ter boa autoestima ajuda a manter relações saudáveis com outras pessoas, sem depositar nelas suas inseguranças ou permitir que se aproveitem de você.
Enfim, é uma qualidade comum em quem aproveita a vida com mais alegria – enquanto a baixa autoestima, por outro lado, é com frequência um sintoma ou até causa de depressão.
Qual a relação de autoconhecimento e autoestima com saúde financeira?
Bom, já ficou evidente que o autoconhecimento e autoestima são ótimas qualidades para quem quer se tornar uma pessoa melhor, certo? Mas qual é, afinal de contas, a relação dessas características com a maneira como a pessoa lida com sua vida financeira?
Para o consultor, coach e educador financeiro Paulo Costa, a resposta tem a ver com as crenças que estão enraizadas nas pessoas. “Tudo que a gente ouviu na infância e adolescência do pai, da mãe e na escola sobre dinheiro se transforma em uma programação na nossa mente. Se isso não for mudado, a gente age por meio desses programas sem perceber”, revela.
Para justificar, ele cita o economista americano Richard Thaler, agraciado com o Prêmio Nobel da Economia em 2017. A organização que concede a honraria atribuiu o prêmio às contribuições de Thaler para a economia comportamental, um campo que une economia e psicologia.
“Ele declarou: economia não é matemática. Nossas decisões em relação ao uso do dinheiro não são racionais, são emocionais. A gente age pela emoção e justifica pela razão”, explica.
Hoje, Costa explora três pilares com seus clientes. Um é o das finanças, que é o uso de planilhas de controle do orçamento. O segundo pilar é chamado pelo consultor de educação financeira, que remete aos hábitos, atitudes e comportamentos da pessoa em relação ao dinheiro. Por fim, temos o pilar da inteligência financeira. “É o nosso mindset, o modelo mental criado a partir do que a gente aprendeu quando jovem.”
O problema, segundo Costa, é que muitos consultores e coaches restringem seu trabalho ao primeiro pilar, que na verdade deveria ser o último. “Eu trabalho primeiro a inteligência financeira, com técnicas para reprogramar a mente e mudar as crenças. Depois, entro com a educação financeira e, só então, o cliente está pronto para fazer seus controles financeiros, que ficam mais simples”, conta.
Ou seja, tudo começa com o autoconhecimento, que permite reconhecer as crenças que impedem a pessoa de ter uma vida financeira mais saudável. Já a autoestima tem uma dinâmica um pouco diferente nessa história, que vamos explorar no tópico seguinte.
Entendendo a autossabotagem na vida financeira
A autossabotagem é um dos problemas que costumam estar associados à baixa autoestima. A pessoa não tem uma boa imagem de si e julga que não é merecedora do conforto, bem-estar e comodidade que o dinheiro traz e acaba adotando um comportamento irresponsável, gastando mais do que deveria com itens supérfluos, sabotando a si mesma.
Há, ainda, outros reflexos desse comportamento sabotador. Com a autoestima lá embaixo, não raro as pessoas buscam formas de se sentirem mais bonitas e atrativas. Surgem, então, os gastos desnecessários, seja em roupas, joias ou carros novos. Sem se dar conta, quem vai por esse caminho sabota os próprios objetivos de vida, pois direciona mal seu dinheiro.
O mesmo acontece quando, também em resposta à baixo autoestima, a pessoa faz aquisições incompatíveis com a sua renda, almejando um padrão de vida que não lhe pertence – tudo, muitas vezes, para mostrar ao outro o seu valor e buscar a aceitação em determinado grupo social.
Veja bem: isso tudo ocorre no nível do subconsciente. Não é que ela não deseje ter uma vida financeira organizada. Muitas vezes, a pessoa que se autossabota sabe exatamente o que precisa fazer para melhorar de vida, mas tem travas subconscientes, que se originaram em crenças consolidadas na juventude e a impedem de executar.
Por isso que o consultor e coach Paulo Costa ensina os controles financeiros por último a seus clientes. Não resolveria apresentar essas ferramentas para alguém que tem tendência à autossabotagem.
O indivíduo com esse comportamento pode até já conhecer essas soluções, mas não consegue transformá-las em hábitos. Então, é preciso atacar as crenças que impedem o progresso, com reprogramação mental ou algum tipo de terapia.
São métodos que focam no combate à insegurança e ansiedade, aumentam o autoconhecimento e autoestima e ajudam a pessoa a parar de se autossabotar.
Benefícios de autoconhecimento e autoestima nas finanças
Quem busca práticas que aumentam o autoconhecimento e autoestima observa vários benefícios em sua vida financeira. Abaixo, listamos alguns.
- Menos ansiedade, por tem um melhor controle sobre o que gasta
- Mais conforto e bem-estar, pois consegue se organizar e contratar serviços que melhoram sua qualidade de vida
- Maior capacidade de realizar sonhos, porque conhece suas limitações, aprende a superá-las e a confiar em si próprio
- Possibilidade de ajudar os outros, pois quem supera a autossabotagem com autoconhecimento e autoestima, muitas vezes, vai além e, além de poupar para si, usa parte do seu dinheiro para ajudar a quem precisa.
Por enquanto, falamos apenas da melhora na gestão do dinheiro. Mas o autoconhecimento e autoestima também melhoram o desempenho profissional da pessoa, o que pode resultar em promoções, aumentos salariais ou oportunidades de negócio.
Como desenvolver autoconhecimento e autoestima: passo a passo
Mesmo que pareçam não ter relação nenhuma com o dinheiro, acredite, as práticas abaixo vão melhorar sua vida financeira por trabalhar positivamente seu autoconhecimento e autoestima.
Passo 1: Tire um tempo para refletir
Não busque distrações o tempo todo. Deixe o celular e a televisão de lado e pense em si, na vida, nos seus objetivos e no que o impede de alcançá-los. Faça isso regularmente.
Passo 2: Mantenha um diário
Cultive o hábito de escrever, antes de dormir, algumas linhas sobre como foi seu dia, como você se sentiu, quais comportamentos teve e quer mudar e outros insights que possa ter tido.
Passo 3: Trabalhe sua relação com os outros
O passo 3 se divide em três dicas principais:
- Aprenda a dizer não: quem tem baixa autoestima costuma aceitar todos os pedidos e solicitações, mesmo que não sejam o melhor para si próprio.
- Observe o que lhe incomoda nos outros: às vezes, isso diz mais sobre você mesmo do que sobre o outro, pois é algo que não aceitamos em nós ou tem relação com uma crença enraizada.
- Ouça o que os amigos têm a falar de você: não se trata de dar atenção demasiada a isso (veja o passo 6), mas quando se trata de uma opinião bastante popular, provavelmente, ela é verdadeira.
Passo 4: Seja mais complacente consigo
Entenda que querer melhorar não quer dizer que, até agora, você não tenha dado melhor que tinha. A evolução só acontece porque somos incompletos. Pare de se comparar com os outros, sobretudo ao navegar pelas redes sociais. Cada um tem a sua história – e, muitas vezes, o que você vê nas fotos é só uma parte da história da outra pessoa.
Passo 5: Faça exercícios e melhore sua postura
Poucos hábitos são tão benéficos para a autoestima quanto a prática regular de exercícios físicos. E acredite: manter uma postura ereta no dia a dia também ajuda bastante. Há estudos científicos que comprovam isso.
Um deles, desenvolvido por pesquisadores das universidades de Cingapura e de Chicago, nos Estados Unidos, trouxe uma revelação que tem tudo a ver com o que estamos falando. O estudo aponta que o ato de levantar os braços e contrair os músculos ao fechar as mãos envia um recado para o corpo: há força de vontade presente, de forma tal a ter autocontrole das suas ações. Uma habilidade essencial para evitar compras por impulso, por exemplo.
Passo 6: Dê menos importância para o que os outros pensam
É um paradoxo, mas, quando a pessoa se importa demais com o que os outros pensam, pode ser mais um sinal de narcisismo do que de baixa autoestima. Afinal, existe uma crença de que os outros estão muito atentos a nós, quando na verdade eles têm muito mais com o que se preocupar.
Passo 7: Procure ajuda profissional
Reverter as crenças e padrões comportamentais por conta própria pode ser bastante difícil. Então, nossa dica final é procurar ajuda profissional, agendando uma sessão com um psicólogo, um psicanalista ou um coach.
Esperamos que você tenha se convencido de que melhorar o autoconhecimento e autoestima são caminhos certos para uma vida financeira melhor. Agora é hora de colocar em ação. Anote as dicas que você leu aqui e mãos à obra!