Vida em equilíbrio: 6 princípios para uma base financeira sólida

Por Redação Onze

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Como ter uma vida em equilíbrio com tantas demandas para satisfazer e recursos limitados? É o que nos perguntamos quando tentamos conciliar a carreira com a vida pessoal e ainda dar conta de relacionamentos, vida social, lazer, desenvolvimento intelectual, entre outros aspectos.

A impressão é que falta tempo e dinheiro para tudo o que precisamos resolver, mas, felizmente, ambos os recursos podem ser gerenciados com inteligência. Neste artigo, vamos focar na saúde financeira como base para uma vida em equilíbrio:

  • O que significa ter uma vida em equilíbrio
  • Qual a importância da saúde financeira nessa equação
  • Vantagens de ter uma vida equilibrada
  • Consequências de não ter uma vida em equilíbrio
  • 6 princípios financeiros para manter o equilíbrio
  • Como a previdência privada ajuda a equilibrar.

Depois da leitura, você entenderá a importância de uma base financeira sólida para todos os outros pilares.

O que significa ter uma vida em equilíbrio?

Ter uma vida em equilíbrio significa encontrar sua equação para balancear todas as áreas envolvidas, como carreira, relacionamentos e família. Evidentemente, cada pessoa tem suas prioridades, mas podemos elencar alguns aspectos essenciais da vida:

  • Carreira e desenvolvimento profissional
  • Relações familiares
  • Relacionamento amoroso
  • Vida social
  • Lazer, hobbies e entretenimento
  • Arte e cultura
  • Vida financeira
  • Saúde física e emocional
  • Desenvolvimento intelectual
  • Espiritualidade
  • Autoestima e autorrealização
  • Contribuição social e ambiental.

Logo, alcançar o equilíbrio é o mesmo que satisfazer suas necessidades em cada uma dessas áreas, de acordo com o seu estilo de vida, desejos e objetivos. Em um mundo tão complexo e de rápidas transformações, o grande desafio é atender todas essas demandas em um tempo cada vez mais escasso.

Qual a importância da saúde financeira na vida em equilíbrio?

A saúde financeira é um dos pilares da vida em equilíbrio, pois forma a base material para todas as outras realizações. No caso, estar saudável financeiramente significa ter as contas em dia, satisfazer as necessidades essenciais de consumo e conseguir ter dinheiro para momentos de lazer — além, é claro, de poupar para o futuro com a renda atual.

Mas, para além de uma renda estável e habilidade de gerenciar finanças, saúde financeira significa liberdade. Ao construir uma relação saudável com o dinheiro, você se torna livre para fazer escolhas e viver como quiser, tendo condições de financiar seu estilo de vida, objetivos e sonhos.

Se pararmos para pensar, todas as áreas de uma vida em equilíbrio dependem da saúde do bolso, por exemplo:

  • Carreira: a remuneração justa e as perspectivas de avanço na empresa (tanto em compensações quanto em responsabilidades) são essenciais para a realização profissional
  • Relações familiares: a harmonia familiar depende diretamente da saúde financeira, que estrutura o lar e demonstra o compromisso de cada um com o bem-estar de todos
  • Lazer e hobbies: quanto mais saudáveis as finanças, mais sobra dinheiro para investir em experiências memoráveis e hobbies
  • Saúde física e emocional: estar em dia com as finanças é fundamental para prevenir o estresse e manter o corpo e a mente em equilíbrio
  • Relacionamentos: a vida financeira a dois é parte essencial dos relacionamentos e a base para a construção de um futuro em comum.

Esses são apenas alguns exemplos de como a saúde financeira sustenta a vida em equilíbrio, como fator-chave da qualidade de vida e autorrealização.

O que acontece quando falta equilíbrio nas finanças

Do lado oposto da vida em equilíbrio está a situação de endividamento, que não prejudica apenas o poder de compra, mas também a saúde emocional, física e os próprios relacionamentos.

Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o SPC Brasil, divulgada em 2020, 82,2% dos brasileiros inadimplentes sofrem com sentimentos negativos como ansiedade, estresse, tristeza, vergonha, desânimo e angústia. E o endividamento é realmente de tirar o sono: 42,8% relataram sintomas de insônia causados pela preocupação com dinheiro. Mas não para por aí, pois a inadimplência ainda causa:

  • Desatenção e perda de produtividade no trabalho (33%)
  • Modificações no apetite (32,3%)
  • Agravamento do vício em comida, cigarro e bebida (28,2%)
  • Aumento da compulsão consumista (24,7%)
  • Impaciência com colegas de trabalho (17,2%)
  • Irritabilidade e aumento das brigas familiares (16,7%)
  • Queda drástica no padrão de vida (75,2%).

Ou seja: as finanças afetam decisivamente todas as outras áreas da vida, pois precisamos de dinheiro para satisfazer a maioria das necessidades.

Vantagens de ter uma vida em equilíbrio

A vida em equilíbrio é a que mais nos aproxima do conceito de “felicidade”, pois conseguimos conciliar todas as áreas importantes e satisfazer nossas necessidades e desejos.

Confira algumas vantagens de buscar esse objetivo.

Mais tempo para o que importa

Quando todos os aspectos da vida estão em equilíbrio, você ganha tempo para se dedicar ao que realmente importa: curtir a família, estar próximo de quem ama, viver experiências e se dedicar às suas paixões. Se você nunca tem espaço na agenda para aproveitar a vida e está sempre trabalhando ou resolvendo problemas, é hora de repensar suas prioridades.

Independência e autonomia

Alcançar uma vida equilibrada também é sinônimo de conquistar a independência. Esse conceito está fortemente ligado à saúde financeira, mas também à capacidade de tomar suas próprias decisões, pensar estrategicamente e ter inteligência emocional para lidar com as pessoas  — afinal, você tem toda a estrutura para isso.

Mais produtividade e resiliência

Quem equilibra sua vida consegue produzir mais e melhor, além de enfrentar qualquer obstáculo e encontrar soluções criativas para os problemas. Não à toa, essas pessoas não têm medo das mudanças, são autoconfiantes e encaram os desafios da vida como oportunidades.

6 princípios financeiros para manter a vida em equilíbrio

Para ter uma vida em equilíbrio, você deve partir de uma base financeira sólida que proverá os recursos para cuidar de todas as outras áreas. Confira os princípios da saúde financeira.

1. Definir metas

As metas financeiras são o ponto de partida para uma vida em equilíbrio e com propósitos claros. Não é preciso ir muito longe, pois boa parte das metas de vida estão atreladas ao dinheiro: comprar uma casa, fazer uma viagem, pagar uma faculdade, etc.

Logo, você precisa definir esses objetivos e planejar seu orçamento de acordo com eles, fixando metas de curto, médio e longo prazo. Dessa forma, você consegue poupar e investir o suficiente para concretizar seus planos, e tem uma motivação clara para não extrapolar o orçamento.

2. Controlar o orçamento

Controlar o orçamento significa saber exatamente o que entra e sai da sua conta bancária e ter condições de planejar os gastos de cada mês com antecedência. Além disso, passa por categorizar os gastos, definir prioridades e conseguir manter um padrão de vida coerente com a renda.

De acordo com uma pesquisa da SPC Brasil de 2020, 48% dos brasileiros não controlam o próprio orçamento. Entre os 52% que controlam, o método não é dos melhores, pois somente um terço planeja o mês com antecedência e a maioria só anota os gastos. Os principais motivos para a falta de controle são a imprevisibilidade da renda, falta de disciplina para o registro diário e falta de tempo.

Para a economista Marcela Kawauti, que participa da pesquisa, o maior perigo para a saúde financeira são os chamados “gastos invisíveis”, que são pequenas despesas supérfluas que passam despercebidas no dia a dia — mas, somadas, podem fazer um estrago no orçamento. Logo, uma vida em equilíbrio só é possível com o controle rigoroso das receitas e despesas, seja no papel, na planilha ou em aplicativos como Guiabolso e Mobills.

3. Consumir com consciência

O consumo consciente é outro princípio essencial da vida em equilíbrio, mas também um dos mais difíceis. Isso porque estamos sempre em conflito entre o que queremos ter e o que nossos recursos financeiros permitem, e não faltam tentações e estímulos ao consumo desenfreado ao redor.

De acordo com uma pesquisa do SPC Brasil realizada em 2018, 59% dos brasileiros usam o crédito para fazer compras por impulso, ou seja, adquirir produtos supérfluos que comprometem seu orçamento. Essa decisão impulsiva pode ser motivada por questões emocionais, persuasão de vendedores, influência da publicidade ou o simples desejo de antecipar uma compra.

Por isso é tão importante planejar as compras, eliminar desperdícios e otimizar os gastos, focando naquilo que realmente é relevante no orçamento. Veja a diferença entre os hábitos impulsivos e conscientes:

Consumidor consumistaConsumidor consciente
Compra compulsivamentePensa duas vezes antes de comprar
Compra tudo que desejaCompra apenas o que precisa
É imediatista e não se preocupa com o futuroTem visão de longo prazo e se prepara para o futuro
Usa as compras como terapiaCompra para satisfazer necessidades
Busca status no consumoBusca equilíbrio no consumo
Pensa só em si mesmo ao comprarPensa em si, na família e no resto da sociedade ao comprar, considerando também os aspectos socioambientais
Não se preocupa com preçosPesquisa e compara preços
Gasta tudo o que ganha ou até maisSempre gasta menos do que ganha e deixa uma folga no orçamento

4. Usar o crédito com prudência

O crédito pode ser vantajoso ou problemático na hora de buscar uma vida em equilíbrio — depende de como você utiliza e com que frequência. A vantagem é conseguir antecipar o consumo de um produto ou serviço necessário ou urgente, além de aproveitar oportunidades de descontos e promoções mesmo quando não dispõe dos recursos no momento.

A desvantagem, obviamente, é ter que pagar juros por isso e correr o risco de se endividar, ou mesmo limitar o consumo futuro. Por isso, antes de decidir pela compra a prazo ou empréstimo, é fundamental calcular o Custo Efetivo Total (CET) que soma os juros, tarifas, impostos e outros encargos e mostra o valor total do crédito. Além disso, convém evitar as linhas de crédito com juros mais altos como o cheque especial e rotativo do cartão.

Apesar dos alertas dos consultores financeiros, um relatório do Banco Central publicado no Uol mostra que o uso do crédito rotativo do cartão de crédito cresceu 20% em 2019, totalizando R$ 41,1 milhões concedidos aos clientes. Esse é um dado preocupante, considerando que a taxa de juros do rotativo fechou o ano em impressionantes 318,9% a.a.

5. Quitar as dívidas

As dívidas são o principal obstáculo para alcançar uma vida em equilíbrio e devem ser quitadas o mais rápido possível. Quando não há dinheiro suficiente para cobrir os débitos, ocorre o temido endividamento excessivo, negativação e o “efeito bola de neve” dos juros que torna as dívidas cada vez maiores.

Em março de 2020, a inadimplência atingiu seu recorde no Brasil: 66,2% das famílias estão endividadas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) na Agência Brasil. Isso significa que mais de 139 milhões de pessoas estão negativadas nos órgãos de proteção ao crédito.

Se você acabar entrando nessa estatística, o melhor caminho é negociar as dívidas com o credor para conseguir um parcelamento justo, ou mesmo fazer um empréstimo com juros mais baixos para quitar tudo de uma vez — e nunca mais atrasar uma parcela. Lembrando que qualquer renda extra deve ser direcionada imediatamente para o pagamento de dívidas.

6. Poupar e investir

Por fim, poupar e investir são princípios indispensáveis para uma vida em equilíbrio, pois permitem construir patrimônio e realizar os objetivos traçados. Para isso, é preciso manter um padrão de vida sempre abaixo da renda e ter disciplina para guardar dinheiro todo mês, além de distribuir essa sobra em uma carteira de investimentos apropriada.

Infelizmente, apenas 27% dos brasileiros conseguem investir por mais de cinco anos, como mostra uma pesquisa da SulAmérica publicada em 2019 na Valor Investe. Para piorar, dos que investem, 69% ainda usam a poupança — que tem saldo negativo em tempos de juros baixos —, e o restante divide as aplicações entre fundos de investimento, previdência privada, títulos públicos, ativos de renda fixa, ações, imóveis e commodities. Outro dado alarmante é que seis em cada dez brasileiros não planejam sua aposentadoria, mesmo com as incertezas do INSS, conforme dados da CNDL publicados no R7 em 2019.

Logo, falta visão de longo prazo e conhecimento para os brasileiros investirem melhor, além da noção de que é preciso fazer alguns sacrifícios no presente para ter resultados no futuro. Daí a importância da educação financeira para ter uma vida em equilíbrio, alcançar metas e se aposentar com tranquilidade.