LCI e LCA: guia completo das Letras de Crédito
LCI e LCA são siglas bem conhecidas dos investidores que buscam segurança e rentabilidade. Ambas se referem às letras de crédito — uma do setor imobiliário e a outra do agronegócio —, que são investimentos com baixo risco e retorno atrativo para quem quer ir além da poupança.
Hoje, 5% dos investidores brasileiros aplicam seu dinheiro em letras de crédito e outros títulos privados (Anbima). Apesar de não serem tão populares quanto outros ativos, elas se destacam pela isenção de Imposto de Renda e várias opções de remuneração.
Para investir em LCI e LCA, basta escolher um banco ou corretora autorizada e selecionar o título mais vantajoso de acordo com seus objetivos. Mas, antes, é melhor se aprofundar em critérios como rentabilidade, tributação, liquidez e risco desses investimentos.
Neste guia, você terá todas as informações necessárias para decidir se vale a pena investir em LCI e LCA, além de ter uma base de comparação com outros investimentos de renda fixa.
O que são LCI e LCA
LCI e LCA são títulos de renda fixa que financiam as atividades de dois setores essenciais da economia: o mercado imobiliário e o agronegócio. As siglas significam Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio, ambas emitidas por instituições financeiras como bancos públicos e privados, cooperativas de crédito e companhias hipotecárias.
Ao comprar um desses títulos privados, você empresta seu dinheiro para a instituição e se torna seu credor, ganhando o direito de receber o capital acrescido de juros no vencimento do ativo. Essa rentabilidade pode ser prefixada ou pós-fixada, assim como em outros produtos de renda fixa como CDBs e títulos públicos.
A LCI e LCA foram criadas em 2004, com o objetivo de ampliar a participação do setor privado no financiamento das atividades imobiliárias e agropecuárias, além de permitir que os investidores (incluindo pessoas físicas) acessem essas aplicações. Desde então, as letras de crédito vêm ganhando seu espaço na carteira dos investidores brasileiros.
Popularidade do LCI e LCA no mercado financeiro
Hoje, 5% dos investidores brasileiros aplicam seu dinheiro nos títulos privados — categoria que inclui Letras de Crédito, CDBs e Letras de Câmbio —, de acordo com a pesquisa Raio-X do Investidor 2019 da Anbima. Em primeiro lugar ainda vem a poupança com 88%, em seguida previdência privada com 6% e finalmente os fundos de investimento com 4%.
Logo, apesar da parcela mínima, as Letras de Crédito estão na terceira categoria de ativos preferida dos brasileiros. Se houver um avanço significativo na educação financeira da população, é provável que essa porcentagem aumente, já que os títulos privados são bem mais vantajosos do que a poupança, como veremos ao longo do artigo.
Diferenças entre LCI e LCA
Do ponto de vista do investidor, não há diferenças significativas entre LCI e LCA, pois ambas são títulos de renda fixa com tipos de remuneração, prazos de emissão, liquidez, regras de tributação e riscos muito parecidos. O único ponto que difere uma da outra é o lastro de cada operação:
- A LCI tem lastro em créditos imobiliários garantidos por hipotecas e alienação fiduciária de imóvel, e o valor nominal do título é sempre compatível com o valor desses créditos
- A LCA tem lastro no crédito rural concedido para comercialização, beneficiamento e industrialização de produtos e insumos agropecuários, e também possui valor de emissão igual ou superior aos direitos creditórios.
Ou seja: é a destinação do dinheiro emprestado à instituição que muda (vai para um setor ou para o outro), mas as condições para o investidor são as mesmas. Outra diferença que não impacta o investimento em si é que há mais instituições autorizadas a emitir LCA do que LCI, por conta das normas mais restritas do setor imobiliário.
Características de LCI e LCA
A rentabilidade, tributação e liquidez são praticamente idênticas na LCI e LCA.
Confira as principais características desses investimentos.
Tributação
Um dos grandes atrativos tributários da LCI e LCA é a isenção do Imposto de Renda para investidores pessoa física — pelo menos até o momento, já que o governo anunciou em 2019 (InfoMoney) que poderia voltar a cobrar IR nas Letras de Crédito. Também não há incidência de IOF, o que torna as letras de crédito muito vantajosas do ponto de vista fiscal.
Prazos e liquidez
Existem LCIs e LCAs com diversos prazos, normalmente entre seis meses e três anos, respeitando as seguintes regras de carência (período mínimo de investimento):
- LCA: prazo mínimo de 90 dias na ausência de atualização por índice de preços (Ex: pós-fixados indexados ao IPCA ou IGP-M) e de 12 meses quando há atualização anual por indicador
- LCI: prazo mínimo de 90 dias na ausência de atualização por índice de preços, 12 meses quando há atualização anual por indicador e 36 meses quando há atualização mensal por indicador.
Consequentemente, a liquidez — facilidade em transformar o ativo em dinheiro — do LCI e LCA costuma ser inferior à de outros produtos de renda fixa como os títulos públicos e CDBs. Em alguns casos, a letra de crédito pode ser resgatada a qualquer momento após o prazo de carência (liquidez diária), mas também há títulos que só podem ser resgatados no vencimento.
Rentabilidade
Em relação à rentabilidade, as letras de crédito podem ser prefixadas ou pós-fixadas. Estas são as remunerações mais comuns:
- LCI e LCA prefixada: a taxa de juros é definida no momento da aplicação, permitindo prever exatamente quanto será resgatado no vencimento (Ex: 7% ao ano)
- LCI e LCA pós-fixada: o rendimento é definido por um indicador de referência, permitindo que o investidor calcule quanto será resgatado conforme a variação do índice. Nesse caso, o indicador mais comum é o CDI (Ex: 100% do CDI), que também pode ser acrescido de um spread (Ex: 90% do CDI + 2% a.a.)
- LCI e LCA atreladas à inflação: a rentabilidade é composta pela variação da inflação acrescida de uma parcela prefixada, tendo como referência os índices de preços IPCA e IGP-M (Ex: IPCA + 2% a.a., IGP-M + 3% a.a.).
Segurança
Outra vantagem da LCI e LCA é seu risco reduzido, que as torna particularmente atrativas para o investidor conservador. O único risco desses títulos é o risco de crédito da própria instituição emissora, além do risco de mercado para quem decidir vender o título antes do prazo (o valor de mercado pode ser inferior ao preço pago).
Mesmo assim, é importante lembrar que as letras de crédito são cobertas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) , que cobre até R$ 250 mil do investidor em caso de falência ou calote da instituição. Por isso, é um investimento tão seguro quanto a poupança — e mais rentável.
LCI / LCA x CDB
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é outro título privado que se parece muito com a LCI e LCA. Para o investidor, as formas de remuneração são as mesmas, com três principais diferenças:
- O CDB cobra Imposto de Renda pela tabela regressivas
- Vários CDBs têm liquidez diária
- Os valores mínimos para investir em CDB começam em R$ 200,00, enquanto as letras de crédito começam em R$ 5 mil.
De resto, ambos têm garantia do FGC, rendimentos pós e prefixados e várias opções de vencimento e valor mínimo. Em relação à rentabilidade, os CDBs costumam oferecer taxas maiores, mas é preciso calcular o valor líquido (descontar o IR) para descobrir qual título rende mais.
No mercado, as letras de crédito ainda não são tão populares quanto o clássico CDB, que lidera entre os títulos de captação bancária. No primeiro trimestre de 2020, por exemplo, foram investidos R$ 46,5 bilhões em LCAs e LCIs, em comparação com 1,6 trilhões em CDBs, segundo dados da B3 publicados na Valor Investe.
Essa diferença se deve, principalmente, à maior liquidez do CDB (maior facilidade em resgatar o título a qualquer momento), que acaba atraindo pequenos investidores.
Quando investir em LCI e LCA
Para decidir se vale a pena investir em LCI e LCA, você precisa compará-las com outros títulos da mesma categoria e considerar seus objetivos.
Veja algumas situações em que é vantajoso.
Quando você busca segurança e rendimento superior à poupança
Os títulos LCI e LCA são perfeitos para quem busca segurança e rendimentos superiores à poupança, que muitas vezes perde para a própria inflação em tempos de juros baixos. Isso porque o risco é baixo, não há cobrança de impostos e há várias opções de rentabilidade.
Se você optar por um LCI ou LCA atrelado à inflação, por exemplo, terá o poder de compra garantido e rentabilidade superior aos índices de preços. Nos pós-fixados pelo CDI (a partir de 100%), o rendimento também acompanha a Taxa Selic e garante valores acima da poupança.
Quando você pode esperar pelo vencimento
Vale a pena optar pelas letras de crédito quando você pode esperar até o vencimento para resgatar o valor, pois terá a rentabilidade contratada garantida. Como vimos, as LCIs e LCAs têm carência de no mínimo 90 dias e liquidez menor, e o resgate antecipado pode trazer prejuízos se o preço de mercado do título estiver abaixo do valor que você pagou.
Se você precisa de liquidez diária para formar uma reserva de emergência, por exemplo, é mais vantajoso recorrer aos CDBs ou títulos públicos como o Tesouro Selic. Mas, se puder esperar para ganhar um pouco mais, é melhor ir de letras de crédito.
Quando a LCI e LCA ganham de outros títulos na rentabilidade
A isenção do Imposto de Renda faz com que a LCI e LCA ganhem de outros títulos de renda fixa que cobram IR, como CDB e Tesouro Direto. Por exemplo, se uma LCI/LCA com prazo de um ano paga 85% do CDI e um CDB com o mesmo prazo paga 95% do CDI, a alíquota do IR de 17,5% cobrada no CDB torna a letra de crédito mais vantajosa.
Quando você tem capital suficiente para investir
Outro ponto importante sobre a LCI e LCA é o valor mínimo de investimento alto em relação a outros produtos de renda fixa (média de R$ 5 mil). Por isso, as letras de crédito são indicadas para quem tem valores maiores para alocar na renda fixa e objetivos de curto a médio prazo.
Agora você tem informações suficientes para decidir se vale a pena investir em LCI e LCA. Se estiver buscando investimentos de longo prazo para garantir seu futuro, a Onze tem soluções sob medida.