Os 9 piores hábitos de quem tem uma saúde financeira ruim
Por muito tempo falamos sobre saúde financeira sem levar em conta que não basta ter conhecimento sobre o dinheiro – é preciso também colocar em prática tudo o que aprendemos de forma a estabelecer uma relação de equilíbrio e bem-estar com as finanças.
Mas esse caminho não é tão simples como parece. Se olharmos algumas pesquisas recentes, veremos que há muita gente endividada, consumindo em excesso ou com dificuldades em poupar e investir todo mês.
Segundo dados divulgados pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito),o Brasil contava com 61 milhões de endividados no início do ano.
Já uma pesquisa realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) junto a 3,4 mil pessoas em 2018 apontou que 56% dos brasileiros declararam interesse em investir em produtos financeiros naquele ano, mas apenas 8% dos conseguiram realizar alguma aplicação.
Como consequência de toda essa desorganização, estamos cada vez mais estressados e preocupados com as contas. Além disso, boa parte das pessoas estão pouco preparadas para emergências financeiras e para a aposentadoria – que pode acabar sendo um problema gigante lá na frente.
Prova disso é uma outra pesquisa realizada pela a BlackRock em 2018 com 24 mil pessoas, sendo 1.050 do Brasil. O levantamento apontou que o dinheiro é a principal causa de estresse para o brasileiro, com 58% das respostas, seguido por trabalho (47%) e família (35%). Além disso, apenas 48% dos entrevistados reconheceram ter boa saúde financeira e 53% afirmaram poupar para o futuro – índice abaixo da média global, de 63%.
Tudo isso é sinal claro de falta de saúde financeira. Mas se temos acesso à tanta informação, por que não conseguimos equilibrar nossas contas e estabelecer uma relação mais saudável com o dinheiro? O motivo é mais simples do que parece: alimentamos hábitos financeiros ruins que precisam ser mudados. Do contrário, podemos estudar dezenas de livros sobre finanças e ainda assim não conseguiremos sair do lugar.
Veja os piores hábitos financeiros que uma pessoa pode ter e entenda alguns caminhos para começar a mudá-los.
- Pensar apenas no presente
Segundo a BlackRock, o brasileiro demonstra maior foco em metas financeiras de curto prazo, com 61% dos entrevistados apontando a poupança como uma forma de obter dinheiro e melhorar a qualidade de vida. A pesquisa indicou ainda que 47% dos brasileiros não começaram a poupar para a própria aposentadoria, quando a média global constatada pela consultoria foi de 63%.
Conseguir ter uma vida financeira saudável exige planejamento de curto, médio e, principalmente, de longo prazo. Olhar para o futuro e ter ideia de planos e metas a serem atingidos pode, inclusive, ser um fator de estímulo para poupar. Viver cada dia de uma vez pode ser uma excelente forma de encarar a vida, mas lembre-se de que o amanhã pode existir – e é bom estar preparado.
- Imediatismo e impulsividade
É por isso que a impulsividade está entre os hábitos ruins de quem não consegue obter saúde financeira. De acordo com levantamento feito pelo SPC Brasil e pela CNDL, 58% dos brasileiros admitem não dedicar tempo a atividades de controle da vida financeira.
A pesquisa apontou ainda que 33% dos entrevistados nunca, ou apenas ás vezes, avalia se realmente precisa de um produto antes de realizar a compra, sendo que 45% afirmaram ter dificuldades para resistir às promoções.
Agir por impulso pode resultar em maus negócios – mesmo entre quem está realizando um investimento. Planejamento é a palavra-chave para as finanças saudáveis. Caso o contrário, os riscos de pagar preços abusivos, taxas desnecessárias ou se arrepender de uma compra são grandes.
- Comodismo e procrastinação
Já faz um ano que você não frequenta a academia ou o clube e, no entanto, a mensalidade é cobrada todo mês no seu cartão de crédito. O mesmo vale para aquele curso livre de final de semana ou para aquela revista cujas edições se acumulam no criado mudo da sala.
A inércia para interromper serviços e assinaturas indesejáveis é um péssimo hábito para a saúde financeira de qualquer um. Embora chata, a tarefa de gastar alguns minutos numa central telefônica pode evitar gastos consideráveis e, principalmente, indesejáveis. Não deixe para amanhã o que você precisa fazer hoje, principalmente quando isso te custa dinheiro.
- Mania de se comparar aos outros
Comparar-se constantemente com outras pessoas é o gatilho perfeito para a sensação de frustração e infelicidade. A percepção de que seus colegas de profissão possuem mais sucesso e felicidade que você pode levá-lo a cometer abusos financeiros em busca de aceitação ou para suprimir uma falsa sensação de falta.
Buscar acompanhar um estilo de vida que não é sustentável financeiramente para você é um veneno para qualquer orçamento e a única saída para esse mal é passar a olhar mais para suas próprias condições e conquistas. Valorizar o que você construiu até aqui é mais estimulante e produtivo para planejar o futuro do que alimentar a ansiedade com o que ainda não foi conquistado e se enrolar em dívidas para obter sucesso antes da hora.
Na corrida por conseguir antecipar a realização de sonhos, o cartão de crédito pode ser um grande aliado. Parcelar compras em infinitas vezes pode até aliviar o peso de um investimento isolado, mas somadas, as transações realizadas no cartão de crédito podem atingir limites que excedem sua renda total, fazendo com que suas contas fechem no vermelho.
Por isso, concentrar os gastos no cartão de crédito, acumulando pequenas compras supérfluas ao longo do mês, aumenta consideravelmente as chances de um orçamento deficitário.
- Não controlar seus gastos
Reduzir o uso do cartão de crédito, contudo, exige controle de gastos. Para isso, é preciso ler com atenção seu extrato bancário e sua fatura do cartão de crédito, anotar os gastos realizados diariamente e ter em mente o valor do seu dinheiro.
Afinal de contas, vale a pena pagar 8 reais num café expresso quando o quilo do café está 10 reais no mercado? Quantas vezes na semana você se dá o luxo de consumir esse expresso e qual o peso real dele no seu orçamento?
Segundo a Anbima, 71% das pessoas que conseguiram guardar dinheiro em 2018 o fizeram realizando cortes nos gastos.
- Atrasar contas
Um dos principais sintomas do descontrole financeiro é o atraso de contas. Embora pareça inofensivo pagar um ou outro boleto alguns dias depois do prazo, as multas e juros gerados pela inadimplência são desnecessários. Em outras palavras, é como rasgar dinheiro.
Em contratos de valores mais expressivos, como de aluguel, essas multas podem representar centenas de reais desperdiçados e que poderiam ter sido poupados. Nas contas de consumo, como telefonia e energia elétrica, essas cobranças costumam vir nos meses seguintes, engordando suas contas a pagar e drenando seu suado dinheiro.
- Esperar para poupar
Se as contas não podem esperar, a sua remuneração pessoal muito menos. Segundo a Anbima, a falta de dinheiro foi apontada como justificativa por 63% dos brasileiros que afirmaram não ter guardado dinheiro em 2018 e, entre os que afirmaram não planejar investir em 2019, 56% apontaram as condições financeiras como justificativa.
A orientação dos especialistas, contudo, é de que nunca é cedo para começar. O mercado conta com investimentos de renda fixa com valores mínimos de aplicação abaixo de R$ 100. Criar o hábito de guardar dinheiro é tão ou mais importante do que realizar um bom investimento e adiar esse início é o primeiro passo para boicotar a sua saúde financeira.
- Impaciência
Uma vez iniciadas as mudanças para uma vida financeira mais saudável, é preciso ter paciência para ver os primeiros resultados. Adquirir um título do tesouro ou uma previdência privada pode gerar bons frutos, mas como toda colheita, é preciso esperar o momento certo.
Aguardar os prazos de vencimento ou da tabela regressiva do Imposto de Renda ajudam a aumentar sua rentabilidade ao longo do tempo. Resgatá-los antes da hora, por outro lado, pode significar um atraso significativo na conquista dos seus objetivos.
No dia a dia, é preciso ter foco e planejamento para manter cada coisa em seu lugar. Separar uma reserva de emergência e diferentes projetos, com orçamentos próprios, é uma boa forma de evitar que planos de curto prazo interfiram nas realizações de longo prazo.
Para uma aposentadoria, por exemplo, os planos de previdência privada podem ser mais vantajosos do que um título público ou um fundo mais arriscado. Entender seus objetivos e executá-los de forma coordenada é fundamental para não perder nenhum deles de vista.