B3: entenda como funciona a bolsa de valores do Brasil e seus ativos

Por Redação Onze

B3

Quando se fala em bolsa de valores, em geral, a bolsa norte-americana de Nova York costuma ser a grande referência, uma vez que ela é a maior do mundo e movimenta trilhões de dólares. Mas o Brasil também conta com sua própria bolsa de valores, conhecida como B3. O nome faz referência às iniciais das palavras Brasil, bolsa e balcão.

Em 2017, quando surgiu com o formato atual, a B3 foi considerada a quinta maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo. Atualmente, ela é a oitava maior do mundo em capitalização e tem um valor de mercado de 931 bilhões de dólares, o que a torna extremamente atrativa para quem quer investir.



História da B3

A B3 foi originalmente fundada em 23 de agosto de 1890 por Emílio Rangel Pestana com o nome de Bolsa Livre. O empresário oferecia serviços até então inéditos, como a compra e venda de títulos e a intermediação em operações bancárias.

Um ano depois, a bolsa acabou sendo fechada por conta das políticas econômicas adotadas na época, que geraram uma hiperinflação e um surto especulativo, mas foi reaberta em 1895 com o nome de Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo.

Já em 1935, a bolsa novamente passou por reformulações e foi rebatizada como Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), como ficou mais conhecida até 2017.

Na década de 60, cada estado contava com sua própria bolsa. Inicialmente, elas eram controladas por secretarias estaduais, mas depois se tornaram associações independentes com autonomia em suas operações. Até 1970, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro era considerada a mais importante do país, mas uma crise econômica neste ano fez com que a bolsa de São Paulo ganhasse mais força.

Em 2000, as duas principais bolsas (São Paulo e Rio de Janeiro) começaram um processo de unificação com as nove bolsas brasileiras ainda existentes na época. A então Bovespa cuidaria das ações, enquanto a bolsa do Rio ficaria responsável pelos títulos públicos. Essa centralização ajudou a fortalecer as operações e mostrou um amadurecimento do mercado brasileiro, com procedimentos e regras mais claras e organizadas. Pelos anos seguintes, as duas foram as principais bolsas brasileiras.

Em 2007, a Bovespa realizou sua abertura de capital, o IPO e em 2008 se fundiu à Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), passando a ser chamada BM&F Bovespa.

Uma década depois, em março de 2017, às vésperas de comemorar cinquenta anos da criação do Índice Bovespa, o Ibovespa, a BM&F Bovespa realizou a fusão com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), uma sociedade civil brasileira sem fins lucrativos que disponibiliza sistemas eletrônicos de custódia, registro de operações e liquidação financeira no mercado de títulos públicos e privados, sendo finalmente rebatizada para B3, sigla para Brasil, Bolsa e Balcão.

Qual a função da B3?

De forma geral, podemos dizer que as bolsas de valores organizam o mercado de compra e venda de ações, criando um ambiente onde as transações podem ocorrer de forma transparente. Além disso, as bolsas controlam as empresas que podem participar ou não das negociações.

Uma das formas de entender o papel da B3 é com a abertura de capital de empresas (IPO). Se uma organização precisa de recursos financeiros, ela pode pegar um empréstimo no banco, ou abrir seu capital, o que significa permitir que outras pessoas comprem ações da empresa e se tornem sócias minoritários.

Nesse sentido, a B3 atua como um grande banco que facilita operações para empresas brasileiras e investidores, garantindo que todas as transações sejam claras e ocorram conformes às regras.

Planejador financeiro e sócio fundador da plataforma MeuConsultorFinanceiro.com, Afranio Alves explica que a bolsa de valores pode ser comparada com um grande supermercado. “É um lugar onde você tem acesso a oportunidades de investimento em ativos de diversas características. Cada país conta com sua própria bolsa”, esclarece.

É importante para o país ter um bolsa própria porque o mercado de capitais se torna mais transparente e regulado para as negociações. Consequentemente, isso torna o acesso mais igualitário para quem quer se aventurar pelo mercado financeiro, seja o grande investidor, sejam pessoas ainda iniciantes.

O que é comercializado na B3?

Mercado de ações

Atualmente, cerca de 340 empresas estão listadas na B3. Todas elas disponibilizam suas ações para serem negociadas pela bolsa. Assim, investidores se tornam acionistas dessas organizações comprando fatias da empresa.

Adquirindo partes para si, os investidores passam a acompanhar a valorização ou desvalorização de seus ativos. Para facilitar todo o processo, a B3 também divide todas essas empresas em diversos setores, como:

Bens Industriais
Consumo Cíclico
Consumo não Cíclico
Financeiro e Outros
Materiais Básicos
Petróleo, Gás e Biocombustíveis
Saúde
Tecnologia da Informação
Telecomunicações
Utilidade Pública

Dessa forma, investidores e traders interessados em apenas um setor da economia podem fazer comparativos de forma mais fácil e rápida.

Outros ativos

Além de todo o mercado de ações,também é possível encontrar na B3 outros ativos que foram reunidos com a fusão entre BM&F Bovespa e Cetip, entre eles:

  • Ativos de Renda fixa públicos e privados e cotas de fundos: o que inclui papéis do Tesouro Direto, Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), fundos de investimento, entre outros.
  • Derivativos: instrumentos econômicos cujos valores finais derivam, de forma total ou parcial, dos valores de outros títulos, como moedas e juros. Na B3, são negociados os derivativos de balcão e os derivativos listados.
  • Mercados à vista, de renda variável, ouro e câmbio: nesse grupo, são realizadas transações de compra e venda de ativos (ações, ouro, câmbio, etc.), cujos valores são estabelecidos em pregão com base na oferta e na demanda.



Como investir na B3

Apesar da fusão relativamente recente, a maneira de investir na bolsa de valores não mudou muito. Seguem existindo três maneiras de comprar uma ação ou realizar um investimento:

  • A partir dos fundos de investimento, nos quais um gestor recebe o dinheiro de um grupo de pessoas e vende para esse investidor cotas do total de ações que esse fundo tem. Alguns exemplos de fundos de investimento que têm ativos da B3 são os fundos de ações, fundos multimercados e fundos cambiais.
  • Através dos clubes de investimento, que funcionam de uma maneira menos formal do que um fundo ao reunir um grupo de pessoas, como amigos ou parentes, que abrem um fundo coletivo junto a uma corretora.
  • De forma individual, escolhendo o papel que é mais interessante para você em determinadas situações.

Nos três casos, existe a necessidade de intermediação por parte de uma corretora ou de instituição regulamentada pela CVM. No site da bolsa, você pode conferir todas as corretoras regulamentadas por ela para fazer operações no mercado financeiro.

A partir daí, seja em grupo ou individualmente, o processo é relativamente o mesmo e consiste em:

  • escolher uma corretora de valores de sua confiança;
  • abrir uma conta na corretora escolhida;
  • transferir uma quantia em dinheiro para sua nova conta;
  • escolher o investimento desejado, de acordo com o seu perfil de investidor;
  • realizar o investimento, acompanhar sua evolução e decidir qual é o melhor
  • momento para capitalizar.

É possível investir na própria B3

É possível adquirir títulos da própria B3 dentro da bolsa brasileira. Isso porque trata-se de uma empresa de infraestrutura de mercado financeiro do tipo sociedade anônima. Portanto, ela pode fazer parte da carteira de investimentos disponíveis – é possível comprar ações da bolsa brasileira a partir de R$ 10 e ter acesso ao mercado financeiro.

Afranio pondera que os brasileiros, no geral, ainda são resistentes a investir. Mas ter uma empresa forte e consolidada, como ele avalia que a B3 é hoje, disponível no mercado para intermediar essas operações ajuda a atrair novos investidores e fortalecer a economia. Essa credibilidade, aliada ao amplo acesso a informações e as facilidades dos aplicativos móveis, têm o potencial de aumentar a força econômica do país.

Quais impostos e taxas são pagos para investir na B3?

Algo que muita gente esquece de fazer na hora de escolher seus investimentos é calcular quanto será pago em taxas e impostos. Ignorar esses fatores na conta inicial pode gerar uma frustração na hora de colher os resultados e acabar custando caro.

Alguns dos impostos e taxas mais comuns que você deve pagar na hora de comprar ou resgatar um título são:

  • Taxa de administração: é cobrada anualmente pela corretora ou pelos fundos. O valor é proporcional ao valor aplicado e ao período da aplicação;
  • Taxa de corretagem: cobrada a cada ordem de compra ou venda de uma ação;
    Taxa de custódia: cobrada mensalmente pela guarda das ações. Algumas corretoras não cobram mais essa taxa ou a taxa de administração;
  • Taxas de emolumentos: é paga para a bolsa de valores e é calculada em cima do valor que envolve a compra ou venda de ações;
  • Taxa de performance: é cobrada quando o fundo de investimento supera a rentabilidade esperada;
  • Imposto de renda

Considerando essas taxas e comissões, é importante lembrar que não existe um valor mínimo para se investir em ações na bolsa. Muitos lugares fazem aplicações a partir de R$ 100, mas para quem investe valores pequenos – até R$ 1.000 – uma dica é optar por um fundo ou clube de investimentos para aumentar o lucro obtido ou por índices que são compostos por ações de várias empresas e diluem a taxa de corretagem que seria necessária para comprar cada ação individualmente.

Ibovespa: como acompanhar o movimento da B3

Assim como a maioria das bolsas de valores mundiais, diversos fatores podem contribuir para as variações das ações e títulos na B3, inclusive notícias e informações sobre as empresas. Mudanças na cotação do dólar e na taxa básica de juros da economia, conhecida como Selic, são exemplos de fatores que vão interferir diretamente nas variações. Além disso, o próprio comportamento dos investidores e a economia mundial também têm impacto direto no funcionamento da bolsa.

Por isso, uma das principais ferramentas para entender o funcionamento da B3 é o Índice Ibovespa, que analisa justamente essas mudanças. O nome é uma referência ao antigo formato da Bolsa de Valores de São Paulo, que era conhecido como Bovespa, como citado anteriormente. O índice é um instrumento consolidado para que investidores e acionistas consigam entender o comportamento do mercado e tomem decisões de como aplicar seus investimentos.

Além de indicar padrões dos preços, ele também aponta insights sobre o perfil das negociações que estão sendo realizadas com as principais ações do mercado brasileiro. Para quem está começando a lidar com investimentos, é uma forma de se integrar com as movimentações do setor. Acompanhar sua movimentação pode ajudar a aumentar o lucro de investimentos já realizados, minimizar perdas em potenciais e direcionar novas aplicações.

BRICs: bolsas de valores parecidas

Dentre os países em desenvolvimento, segundo Afranio, os que têm bolsas de valores com comportamento mais similar ao da B3 são aqueles que compõem o grupo econômico BRICS, ou seja, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul. Isso ocorre porque a economia dessas nações se desenvolve de forma similar.

Com apenas 30 anos de existência, a Shanghai Sotck Exchange da China é a mais forte do grupo e ocupa um lugar entre as cinco maiores bolsas de valores do mundo, com um valor de mercado de 4 trilhões de dólares. É a única a superar o Brasil no grupo do BRICS, em termos de capitalização e valor de mercado.

Com a Bombay Stock Exchange, a Índia aparece na posição 16 das maiores do mundo, valendo 148 bilhões de dólares. Logo em seguida no ranking aparecem a Rússia e a África do Sul, com a MICEX-RTS e a JSE Limited, valores 514 e 372 bilhões de dólares, respectivamente.

Cursos B3

Se você realmente quer conhecer e começar a investir na B3, além de oferecer uma visita guiada até o prédio onde ocorria o antigo pregão (local das negociações), a bolsa também oferece uma série de cursos de educação financeira: alguns presenciais, outros online e muitos deles gratuitos.

Essa opção fez, inclusive, com que a B3 passasse a integrar o Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef). Atualmente, mais de 90 mil alunos já foram formados em cursos da B3, que são divididos em seis grandes áreas: mercado financeiro, ações, derivativos, finanças comportamentais, renda fixa e gestão de riscos.

Mais informações para interessados tanto em cursos como em visitas guiadas podem ser encontradas no site oficial da B3.

Endereços e horários da B3

Atualmente, além da sede principal no centro de São Paulo, a B3 também está presente em outros três endereços.

B3 Centro

Praça Antonio Prado, 48, Centro, São Paulo (SP)

Rua XV de Novembro, 275, Centro, São Paulo (SP)

B3 Faria Lima

Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1663, Jardim Paulistano, São Paulo (SP)

B3 Alphaville

Alameda Xingu, 350, Barueri (SP)

B3 Rio de Janeiro

Praça XV de Novembro, 20, 4º andar (Cj. 406), Centro, Rio de Janeiro (RJ)

Os pregões, agora totalmente online, funcionam diariamente em dias úteis em São Paulo (SP), das 10h às 18h.