Ibovespa: o que é o índice Bovespa?
“O Ibovespa bateu recorde de pontos”. Essa frase, repetida com frequência em telejornais e em sites de notícias, é, muitas vezes, o primeiro contato das pessoas com a bolsa de valores. Mas o que é esse tão falado Ibovespa?
Em busca de investimentos mais rentáveis que a tradicional caderneta de poupança e títulos de renda fixa, muitas pessoas enxergam a bolsa de valores como uma alternativa. Pode parecer muito desafiador para quem está apenas começando, mas a Onze vai detalhar alguns conceitos importantes.
Antes de mergulhar na complexidade dos diversos índices, tipos de ação, tickers – tudo isso sabendo que uma má decisão pode custar muito dinheiro – um bom jeito de entrar nesse universo é entender o que são os índices e, principalmente, o Ibovespa, o principal indicador do mercado brasileiro de ações.
O que são os índices da Bolsa?
Antes de falar especificamente sobre o Ibovespa, é importante darmos um passo atrás e nos certificarmos de entender corretamente o que é uma bolsa de valores.
A bolsa de valores é um mercado onde pessoas e empresas se relacionam por meio da compra e venda de seus títulos e ações. Se há alguém interessado em vender um ativo e outra parte interessada em comprar, a bolsa de valores é o espaço onde essa negociação ocorrerá.
Os investidores, por sua vez, são aqueles que confiam no projeto da empresa e emprestam seu capital na expectativa de um ganho financeiro com a operação – é claro que isso depende das variáveis. É importante não confundir um investidor de um trader, que normalmente são profissionais que dedicam tempo e conhecimento para fazer movimentações complexas.
Para diminuir o risco, é comum que muitos investidores optem por diversificar seus investimentos e, assim, acabam investindo em índices. Dessa forma, eles consegue comprar uma “cesta de ações” com o pagamento de uma taxa de corretagem bem menor do que comprar cada ação individualmente.
Os índices de ações, por sua vez, servem como um termômetro para o mercado. Há vários tipos de índices, entre eles:
- Índices Amplos (Ibovespa, IBrX100, IBrX50);
- Índices de Governança Corporativa (IGCX, ITAG, etc);
- Índices de Segmento (MLCX, SMLL, IDIV, etc);
- Índices de Sustentabilidade (ICO2 ISE);
- Índices Setoriais (IFNC, IMOB, UTIL, ICON, etc);
- Índices SPDJI/BVMF (Commodities, Mercado Futuro, índices de renda fixa).
O que é o Ibovespa?
O mais importante de todos eles é o Índice Bovespa (Ibovespa), que também pode ser visto como IBOV. Ele é o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociação e representatividade do mercado de ações brasileiro.
Por esse motivo, o Ibovespa é tratado como o termômetro da bolsa de valores brasileira, a B3 – assim chamada desde 30 de março de 2017 quando abandonou o nome BM&FBovespa.
É por isso que os jornais divulgam e os investidores estrangeiros procuram saber qual foi o desempenho do Ibovespa num determinado dia. Pelo índice, é possível ter uma ideia de como o mercado financeiro brasileiro se comportou naquele período.
O mercado interno, por sua vez, também usa o Ibovespa como benchmark da renda variável. Os fundos de ações fazem a própria gestão de suas carteiras de investimento, mas utilizam o Ibovespa como comparação de desempenho. Mais que acompanhar o índice, a meta é superá-lo.
Resumidamente, o Ibovespa é o equivalente brasileiro a outros índices famosos, como o Dow Jones, o S&P500 e a Nasdaq, que são os parâmetros do mercado de ações dos Estados Unidos.
Como o Ibovespa é formado?
O Ibovespa foi criado em 2 de janeiro de 1968. Na ocasião, atribuiu-se o valor-base 100 a um lote-padrão das principais ações da Bolsa de Valores, na proporção que elas compunham o mercado como um todo.
Naquele dia, o índice foi composto por 18 ações. Entre elas estavam desde empresas conhecidas e relevantes para o mercado atual, como a Vale (então Vale do Rio Doce), até aquelas que foram extintas ou adquiridas, como o Banespa, o banco do Estado de São Paulo que foi incorporado pelo Santander. De lá para cá, o índice já foi atualizado diversas vezes e atualmente a carteira hipotética de investimentos é composta por 65 ações de 61 empresas, que correspondem a 80% do volume negociado na B3.
Atualmente, a composição do Ibovespa é reavaliada quadrimestralmente. Essa reavaliação é feita com base na atuação de cada ação nos últimos 12 meses onde são verificadas alterações na participação de cada uma delas no total do mercado.
Como funciona o sistema de pontos do Ibovespa?
Apesar de as empresas poderem entrar e sair do índice, a pontuação do Ibovespa deve crescer “naturalmente”, ou seja, aquele valor-base 100 inicial deveria crescer sem receber mais nenhum aporte, apenas com a soma de quantias geradas pela ações que compõem o próprio lote-padrão, tais como os dividendos, os exercícios de direitos e o recebimento de bonificações. É dessa forma que se obtém a pontuação do índice.
No início de 2019, o Ibovespa está próximo de quebrar a barreira dos 100 mil pontos. Isso significa que, teoricamente, uma pessoa que tenha comprado uma carteira de ações idêntica ao lote-padrão na data de criação do índice por R$ 100, e que tenha atualizado essa cesta de ações de acordo com as mesmas regras da bolsa, teria hoje o equivalente a R$ 100 mil.
Isso só não é verdade porque, na prática, o índice precisou ser dividido onze vezes ao longo desses 51 anos de existência a fim de reduzir seu número de algarismos e facilitar o cálculo – a última divisão ocorreu em 3 de março de 1997.
Em 2018, ao completar 50 anos, a B3 calculou qual seria a pontuação se esses ajustes não tivessem sido feitos. O valor seria esse: 76.402.000.000.000.000 pontos (76,4 quadrilhões de pontos).
Como funciona a seleção de empresas que fazem parte do Ibovespa?
Como dissemos, a revisão das empresas que compõem o Ibovespa é realizada a cada quadrimestre. Nessas ocasiões, é verificado se as empresas continuam seguindo os critérios objetivos estabelecidos pela bolsa de valores, sendo eles:
- ser uma ação listada e negociada na bolsa. Ativos como BDRs e ações de empresas em recuperação judicial não são elegíveis ao Ibovespa;
- estar entre as empresas com maior Índice de Negociabilidade (IN) da bolsa nos últimos três anos, sendo que o IN é calculado a partir do número de negócios de uma ação e o volume financeiro gerado, comparado ao total de negociações da bolsa;
- ser negociada em pelo menos 95% dos pregões nos últimos três anos;
- movimentar um volume financeiro equivalente a pelo menos 0,1% do total do mercado à vista dos últimos três anos;
- não ser classificada como penny stock nos últimos três anos. Lembrando que as penny stock são ações com valor médio inferior a um real durante um ano.
Já se a empresa fez um IPO nos últimos três anos, ela pode ser elegível ao Ibovespa desde que cumpra as seguintes condições:
- a oferta pública precisa ter sido realizada antes do rebalanceamento anterior da carteira;
- precisa estar presente em 95% do pregão desde o IPO;
- atender às condições 2, 4 e 5 para inclusão no Ibovespa.
Também vale lembrar que se uma empresa entra em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção ou que tenha ações negociadas em qualquer outra situação especial de listagem, ela é imediatamente excluída do Ibovespa.
Qual o peso de cada empresa no Ibovespa?
Além dos critérios para saber se uma empresa deve ou não compor o índice da Bovespa, há também critérios para definir qual o peso de cada empresa no total da carteira hipotética de ações. Dessa forma, é um erro achar que uma empresa nova tem o mesmo peso de uma já consolidada no mercado.
Na verdade, cada ação participa do índice na proporção de sua liquidez e de seu IN em relação ao total da carteira, respeitando a determinação da bolsa de que nenhuma ação detenha mais de 20% do total. Se isso ocorrer, conforme as regras, sua participação é reduzida ao limite máximo e o restante é redistribuído entre as demais.
Assim sendo, o índice é formado por uma carteira hipotética de investimentos composta por esse conjunto diferente de ações e de diversos setores da economia. Apesar disso, atualmente, as noves maiores empresas do Ibovespa correspondem, juntas, a 58,024% do total do índice.
Abaixo, seguem as principais empresas que fazem parte do Ibovespa e seus respectivos tickers de negociação:
- Itaú Unibanco (ITUB4): 10,502%
- Bradesco (BBDC4): 9,119%
- Vale (VALE3): 8,586%
- Petrobras (PETR4): 7,061%
- Petrobras (PETR3): 5,143%
- Ambev (ABEV3): 5,138%
- Banco do Brasil (BBAS3): 4,468%
- B3 (B3SA3): 4,154%
- Itaú S.A. (ITSA4) 3,855%
No geral, por ordem alfabética, as respectivas empresas, suas siglas na bolsa e o percentual total que suas ações correspondem no índice Bovespa são:
- Ambev (ABEV3): 5,138%
- B3 (B3SA3): 4,154%
- Banco do Brasil (BBAS3): 4,468%
- Bradesco (BBDC3): 1,742%
- Bradesco (BBDC4): 9,119%
- BB Seguridade (BBSE3): 1,317%
- Bradespar (BRAP4): 0,391%
- Petrobras Distribuidora (BRDT3): 0,546%
- BRF (BRFS3): 1,236%
- Braskem (BRKM5): 0,894%
- BRMalls (BRML3): 0,765%
- B2W Digital (BTOW3): 0,490%
- CCR (CCRO3): 1.025%
- Cielo (CIEL3): 0,770%
- Cemig (CMIG4): 0,843%
- Cosan (CSAN3): 0,436%
- Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3): 0,402%
- CVC Brasil (CVCB3): 0,573%
- Cyrella Brazil Realty (CYRE3): 0,282%
- EcoRodovias (ECOR3): 0,141%
- ENGIE Brasil (EGIE3): 0,717%
- Eletrobras (ELET3): 0,626%
- Eletrobras (ELET6): 0,548%
- Embraer (EMBR3): 0,901%
- EDP Brasil (ENBR3): 0,339%
- Equatorial Energia (EQTL3): 1,092%
- Estacio Participacoes (ESTC3): 0,569%
- Fleury S.A. (FLRY3): 0,432%
- Gerdau (GGBR4): 0,984%
- Gerdau (GOAU4): 0,265%
- Gol (GOLL4): 0,233%
- Hypera (HYPE3): 0,814%
- Iguatemi (IGTA3): 0,248%
- Itaú SA (ITSA4): 3,855%
- Itaú Unibanco (ITUB4): 10,502%
- JBS (JBSS3): 1,482%
- Klabin SA (KLBN11): 0,738%
- Kroton (KROT3): 1,064%
- Lojas Americanas (LAME4): 0,908%
- LOG Commercial Properties (LOGG3): 0,026%
- Lojas Renner (LREN3): 1,996%
- Magazine Luiza (MGLU3): 0,745%
- Marfrig (MRFG3): 0,155%
- MRV (MRVE3): 0,274%
- Multiplan (MULT3): 0,440%
- Natura (NATU3): 0,505%
- Pão de Açúcar (PCAR4): 0,943%
- Petrobras (PETR3): 5,143%
- Petrobras (PETR4): 7,061%
- Qualicorp (QUAL3): 0,234%
- Raia Drogasil (RADL3): 0,825%
- Rumo S.A. (RAIL3): 1,406%
- Localiza (RENT3): 1,085%
- Santander (SANB11): 1,183%
- Sabesp (SBSP3): 0,836%
- Smiles (SMLS3): 0,176%
- Suzano Papel (SUZB3): 1,792%
- Taesa S.A. (TAEE11): 0,366%
- TIM (TIMP3): 0,618%
- Ultrapar (UGPR3): 1,891%
- Usiminas (USIM5): 0,320%
- Vale (VALE3): 8,585%
- Telefônica Brasil (VIVT4): 1,287%
- Via Varejo (VVAR3): 0,146%
- WEG (WEGE3): 0,912%
Como investir no Ibovespa?
Para investir neste índice, o investidor terá de adquirir contratos futuros do Ibovespa através do Mercado Futuro utilizando códigos específicos. No caso, “IND” para o índice cheio, ou “WIN” para o mini índice, que corresponde a ⅕ do valor do índice cheio.
Como não é possível prever qual será o retorno da ação de determinada empresa, não é possível saber qual será o desempenho do índice. Por isso, o Ibovespa é considerado um ativo de renda variável.
Independentemente disso, para adquirir um contrato de índice, basta seguir alguns passos:
- Abrir uma conta em uma corretora
O processo é online e gratuito, sendo apenas necessário uma conta em banco para transferências.
- Transferir o dinheiro do banco para a conta de investimento
- Elaborar um plano de investimento e estabelecer os objetivos que pretende alcançar
A corretora pode ajudar o investidor a escolher quais cotas comprar. Existem salas ao vivo onde analistas indicam quando comprar ou vender.
- Acessar o Home Broker
Geralmente, a própria corretora concederá ao investidor o acesso a algum Home Broker, por isso é importante escolher bem a corretora.
O Home Broker é um sistema que permite a negociação de ações por meio da internet de forma rápida, permitindo assim que você envie ordens de compra ou venda de qualquer lugar que tenha internet.
Uma vez logado no Home Broker, basta procurar pelo código do índice que deseja investir.
- Acompanhar o mercado
Uma vez investido, o trabalho agora é apenas verificar tendências de mercado.
Vale a pena investir no Ibovespa?
Para saber se vale a pena investir no Ibovespa, é preciso analisar caso a caso: o perfil do investidor, o valor que se deseja investir, qual é o risco que o investidor topa correr, entre vários outros.
De qualquer forma, um investidor iniciante dificilmente iria se arriscar e comprar uma carteira com dezenas ou centenas de ações, já que teria de desembolsar um bom dinheiro para bancar as altas taxas de corretagem que seriam cobradas para uma operação desse porte. Por isso, o investimento no índice surge como uma maneira de garantir o acesso do investidor a um portfólio maior de ações, com baixo custo de investimento e manutenção.
Além disso, os custos para a compra de um mini contrato são pequenos, sendo que o investidor deve apenas atentar à margem de garantia que a corretora exige, ou seja, um valor de segurança exigido pela corretora para assegurar a compra de um determinado ativo. Basicamente, é a garantia de que o investidor realmente possui dinheiro para arcar com eventuais perdas no investimento. Atualmente, é possível começar a investir nesses mini contratos a partir de R$ 100.
Num possível cenário, apenas como referência de rentabilidade, um mini contrato de índice rende 20 centavos para cada ponto de variação do IBOV. Assim, se o Ibovespa variou de 95.000 pontos para 96.000 pontos, quem comprou um contrato de mini índice a 95.000 obteve um ganho de R$ 200 no dia.