Oferecer educação financeira para os seus funcionários é um dos melhores caminhos para evitar queda na produtividade
Dentre as causas de redução de produtividade no ambiente de trabalho, o estresse financeiro desponta como uma das principais. Em decorrência das cobranças e da incapacidade de se livrar de suas pendências por falta de planejamento, o funcionário acaba tendo o seu desempenho e saúde financeira impactados.
Para se ter uma ideia, um estudo realizado em 2018 denominado The Employer’s Guide to Financial Wellbeing ouviu 10 mil funcionários no Reino Unido e concluiu que as dívidas diminuem em cerca de 15% a produtividade nas empresas.
Em outras palavras, um funcionário preocupado com dívidas e com estresse financeiro, ainda que tente trabalhar mais horas para pagar suas dívidas, acaba tendo a concentração reduzida por suas preocupações, resultando em uma menor produtividade.
Sintomas do estresse financeiro
O Financial Health Institute define o estresse financeiro como o resultado de eventos financeiros ou econômicos que criam:
- Ansiedade
- Preocupação
- Sensação de escassez
- Uma possível resposta fisiológica de estresse
As pessoas estressadas geralmente têm problemas para descansar e acabam não conseguindo se distrair nas horas livres, ficando suscetível a desenvolver problemas de saúde, como:
- Insônia
- Taquicardia
- Depressão
- Ansiedade extrema
Todos esses sintomas físicos e mentais aumentam o que chamamos de absenteísmo, quando o funcionário falta com frequência ao trabalho, e presenteísmo – quando até vai à empresa, mas acaba ficando sem foco para exercer suas atividades por conta de preocupações com as finanças.
O estresse como fator motivador da produtividade e como vilão
Curiosamente, o estresse, no início dos sintomas, pode ser um fator de motivação, já que ele provoca a liberação de adrenalina e esse hormônio nos impulsiona a produzir e a realizar tarefas.
O problema, como pontuado pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS), é que, apesar de no início a correlação entre estresse e produtividade ser positiva, na medida em que o estresse se torna frequente essa relação se inverte.
Ou seja, embora a produtividade chegue até a aumentar em períodos iniciais de estresse, já que a pessoa fica motivada e mais alerta, com o passar do tempo o organismo começa a enfraquecer e a produtividade acaba tendo uma queda significativa.
No caso de doses extremas de estresse, por exemplo, pode inclusive ocorrer uma queda total da produtividade, já que o indivíduo fica completamente incapacitado para desempenhar suas tarefas.
Por que é essencial lidar com o estresse financeiro dos funcionários
Ao buscar reduzir o estresse financeiro dos funcionários, as empresas obtêm um retorno garantido, já que verão um aumento na produtividade.
Ajudando a reduzir o estresse financeiro, também é criado um ambiente de trabalho melhor para todos os colaboradores, pois uma pessoa estressada tende a agir de forma mais agressiva e mal humorada.
Por fim, a preocupação com a saúde mental dos funcionários demonstra uma melhor cultura empresarial, atenta à sua responsabilidade social e em sintonia com as demandas contemporâneas em relação às empresas.
Pendências no presente e preocupações com o futuro
Com a falta de planejamento e sem o hábito de poupar, o funcionário fica à mercê do estresse financeiro.
E não se trata apenas de uma preocupação com pendências e dívidas no presente, mas também uma preocupação cada vez maior dos funcionários em relação às suas finanças no futuro.
Isso se explica porque, com as mudanças realizadas recentemente na previdência pública, manter um nível de renda digno após a aposentadoria tornou-se uma tarefa ainda mais difícil do que já era.
Dessa forma, para receber mais do que o mínimo para sobreviver, torna-se necessário considerar alternativas para complementar a previdência pública.
Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma das formas de evitar essa preocupação é através da criação de fundos de contribuição eletiva que permitam que o funcionário tenha uma poupança adicional para quando se aposentar ou para lidar com necessidades emergenciais.
Juntando-se ao time das empresas com boa cultura de trabalho
oa parte das empresas já percebeu essa necessidade de oferecer aos funcionários serviços que aumentem o seu planejamento financeiro e, consequentemente, a sua produtividade.
Em ranking promovido em 2019 pela revista Você S/A, 75% das 150 empresas classificadas como as melhores para se trabalhar já oferecem algum tipo de orientação sobre dinheiro aos colaboradores.
Além disso, 41% dão aconselhamento e suporte ao planejamento financeiro. As melhores formas de atacar esse problema dentro das empresas é oferecer aos funcionários:
- Educação financeira
- Suporte em investimentos de longo prazo
- Ajuda na organização do orçamento
- Instruções para redução do consumo supérfluo
- Previdência privada como benefício corporativo
Atacando o problema de forma proativa
A empresa não deve esperar que o funcionário tome a iniciativa de ir atrás de informações sobre como planejar melhor seu orçamento e sua vida financeira, afirma Ricardo Teixeira.
Segundo ele, a melhor forma de atacar um dos maiores componentes do estresse financeiro, a falta de planejamento em relação ao orçamento e a falta de educação financeira, é através de um programa educativo amplo.
“A empresa deve ser proativa, não deve esperar que o empregado tome a iniciativa”, afirma ele.
Com base em sua experiência, o especialista acredita que melhorar a forma como as pessoas lidam com suas finanças é uma forma eficaz de aumentar a atenção que elas dedicam ao trabalho, aumentando a produtividade.