Veja os critérios para escolher um bom fundo multimercado
A taxa básica da economia na mínima histórica, o patamar de 2,25% ao ano, exige que o investidor busque aplicações mais rentáveis e arriscadas. Isso porque os investimentos de renda fixa mais conservadores passam a render menos, uma vez que estão atrelados à Selic ou ao CDI (taxa que fica próxima à Selic). Nesse cenário, os fundos multimercado são uma opção para quem deseja sair da renda fixa, mas ainda não se sente seguro para aplicar apenas em renda variável.
O que é um fundo multimercado?
Um fundo de investimento é um tipo de aplicação coletiva que reúne dinheiro de diversos investidores, titulares de cotas dos fundos. O valor total investido pelos cotistas é aplicado em diferentes tipos de ativos com o objetivo de render juros ao longo do tempo. Esses ativos são escolhidos com base na categoria e perfil do fundo.
O gestor é responsável pela alocação do dinheiro e recebe uma taxa de administração por esse trabalho. Quando um cotista quer resgatar o investimento, recebe a valorização proporcional a suas cotas no período em que o dinheiro ficou aplicado.
Entre as categorias disponíveis no mercado, o fundo multimercado é o mais flexível e serve tanto para investidores moderados como para mais arrojados. Saiba mais sobre esse tipo de fundo.
No que investe um fundo multimercado?
A estratégia de fundos multimercado inclui ativos tanto de renda fixa como renda variável. São ações, moedas e títulos públicos e privados. Além disso, podem usar derivativos tanto para proteger a carteira como para alavancá-la. O derivativo é uma aplicação que varia conforme o ativo de referência (ações, dólar, etc.), apesar de registrar sua própria cotação. Quem compra um derivativo de dólar, por exemplo, não compra a moeda, mas o direito à sua oscilação.
O fundo multimercado não tem qualquer compromisso para investir um percentual da carteira em determinado ativo, como os de renda fixa (que precisam ter 80% da carteira aplicada em títulos) e ações (que precisam ter ao menos 67% da carteira aplicada em ações).
Geralmente a estratégia de um fundo multimercado visa superar o CDI, taxa próxima à Selic que serve como referência para aplicações de renda fixa. Também pode ter como referência um índice de preço, geralmente o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo).
Por todas essas características os fundos multimercado são mais arriscados do que os fundos de renda fixa. Ao investir em ativos de renda variável, suas cotas oscilam mais e geralmente têm prazo de resgate maior, que pode chegar a até 30 dias após a solicitação. Por conta disso, esses fundos são indicados para investidores que tenham objetivos de investimento de médio e longo prazo.
Quais são as categorias de fundos multimercado
Por conta de sua liberdade para investir, os fundos multimercado podem ser bem diferentes entre si. Existem no mercado tanto opções que se assemelham a fundos de renda fixa como alternativas que se parecem com fundos de ações.
O tipo de estratégia e classificação de cada fundo geralmente está descrita no próprio nome e explicada de forma mais detalhada no prospecto, documento que apresenta as informações mais relevantes da aplicação para o investidor.
Mas antes de serem divididos por sub categorias, os fundos multimercado podem fazer parte de dois grupos maiores: Alocação e Estratégia. São as classificações de fundos indexados e ativos adaptadas para a categoria de multimercado, respectivamente.
Um fundo ativo tem como objetivo superar um índice de referência. Para buscar uma rentabilidade maior, o gestor cria estratégias próprias e tem flexibilidade para mudar a carteira de ativos quando achar pertinente. Já fundos indexados não têm a mesma flexibilidade de estratégia dos fundos ativos, pois devem acompanhar a performance de um determinado indicador.
Fundos alocação
Estes fundos buscam retornos no longo prazo investindo em diversas classes de ativos. Inclui dois tipos: Dinâmicos e Balanceados.
- Balanceados
Buscam retorno no longo prazo por meio da compra de diversos ativos. Sua carteira é pré-determinada. Ou seja, não muda ao longo do tempo: é necessário sempre ter um percentual das cotas aplicado em renda fixa e outro em renda variável. Caso os ativos se desvalorizem, é necessário rebalancear a carteira para que voltem à proporção determinada. Não permitem operações mais arriscadas, como alavancagem (exposição maior do que o patrimônio líquido do fundo).
- Dinâmicos
São semelhantes aos balanceados e investem em diversos tipos de ativos. Contudo, não precisam ter uma proporção de carteira pré-determinada e são mais arriscados, já que permite operações mais arriscadas, como alavancagem.
Fundos Estratégia
Classificam o restante da categoria (com exceção de multimercado que investe no exterior, que recebem uma classificação própria). São fundos ativos, que seguem uma determinada estratégia e objetivo, com o suporte do gestor. Para isso, admitem alavancagem. Ou sejam, permitem um maior nível de risco.
- Macro
Suas estratégias de investimento são baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazos. Para atingir seus objetivos, realiza operações com diferentes tipos de ativos (renda fixa, renda variável, câmbio, entre outros).
- Trading
Exploram oportunidades de ganhos a partir de movimentos de curto prazo nos preços dos ativos. Assim como os fundos macro, podem incluir diversas classes de ativos (renda fixa, renda variável, câmbio etc.).
- Long and Short
Buscam lucrar com a compra e venda de ativo relacionados em uma mesma operação. Também chamada de arbitragem, a teoria é de que ambos os ativos têm movimentação semelhante no mercado, mas não igual. Portanto, espera-se que o ativo comprado tenha um desempenho superior ao vendido.
- Juros e Moedas
Buscam retorno no longo prazo via investimentos em ativos de renda fixa, admitindo estratégias com juros, índice de preço e moeda estrangeira.
- Livre
Não tem qualquer compromisso de concentração em alguma estratégia específica.
- Capital Protegido
Buscam retornos em mercados de risco procurando proteger, parcial ou totalmente, o principal investido.
- Estratégia Específica
Adotam estratégia de investimento que implique riscos específicos, tais como commodities, futuro de índice.
Como escolher o melhor fundo multimercado
Existem alguns tópicos que devem guiar a escolha de um fundo de investimento, como forma de evitar prejuízos futuros. Veja abaixo os principais:
Verifique o retorno histórico e faça a análise a gestão
O retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas o investidor deve sempre verificar a rentabilidade histórica do fundo, presente no anúncio da aplicação na plataforma da corretora (caso não encontre, basta pedir para a instituição financeira). Esse é um dos meios mais eficazes de verificar a consistência dos resultados que são entregues pelo gestor.
O recomendado é analisar a rentabilidade do fundo ao menos nos últimos três anos, se possível na última década, e compará-la ao índice de referências para saber se ele está cumprindo o que promete. Por exemplo, um fundo ativo, que tem como objetivo superar um índice de referência, mas tenha desempenho inferior ao da taxa Selic em prazos longos pode não valer o investimento.
Não deixe de fora da sua análise também a performance do fundo em momentos de crise, e compare como ele reagiu em relação à média da categoria. É possível consultar dados por categoria no site da Anbima.
Além disso, verifique o histórico de retornos entregue pela gestora de investimentos e o gestor do fundo. A casa é renomada? É especializada? O gestor tem ampla experiência? São respostas que devem ser buscadas pelo investidor.
Cuidado com taxas altas
Cada fundo precisa remunerar o trabalho do seu gestor por meio da cobrança de uma taxa de administração. Contudo, esse valor, cobrado sobre o montante dos recursos aplicados por ano, varia entre as instituições financeiras.
É necessário verificar se os retornos obtidos ao longo do tempo compensam o custo. Afinal, maiores taxas devem ser pagas a gestores que façam um bom trabalho, superior ao de concorrentes e ao da média do mercado.
De acordo com o tipo de estratégia do fundo podem existir ainda a cobrança de taxa de performance, geralmente equivalente a 20% do que superar o índice de referência do fundo.
Alguns fundos também podem cobrar taxa de saída caso o investidor queira resgatar as cotas antes do prazo mínimo de aplicação. Essa taxa muitas vezes é considerada abusiva e pode pesar bastante no bolso do investidor – é possível encontrar diversos fundos que não a cobram.
Busque referências
A associação de gestoras e bancos, a Anbima, divulga rankings diários com o desempenho médio por classe de fundo e tipo no dia, mês, ano e nos últimos doze meses. É um dado que pode dar uma boa noção se o seu fundo está rendendo acima ou abaixo da média da categoria.
Mais importante do que investir em um fundo renomado, que vem apresentando altos ganhos, é saber se ele é adequado ao seu perfil de risco e necessidade de investimento. Portanto, rankings devem ser apenas uma forma de consulta, e não a determinante.
Diversifique a carteira
Uma carteira de investimentos não deve ser composta apenas por fundos de um único tipo. Quanto mais recursos aplicados, maior deve ser a diversificação. Essa é uma forma eficiente de tornar sua carteira mais rentável sem, para isso, tomar muito risco e torná-la inadequada ao seu perfil de investimento.
Além de fundos multimercado, uma carteira de investimentos diversificada também pode ser composta por fundos de renda fixa, ações, imobiliários e de previdência privada.
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