Moeda fiduciária: o que é, quando surgiu e como funciona
Há séculos, as moedas são usadas por diversos sistemas econômicos para troca de valores. E desde o século XX, a moeda fiduciária é a principal usada no mundo todo. Sem valor intrínseco, esse tipo de moeda é um simples certificado, emitido sem lastro de garantia, baseado na confiança de quem o emitiu.
Acompanhe o artigo abaixo para saber em detalhes o que é uma moeda fiduciária, quando ela surgiu, como seu valor é reconhecido e suas vantagens e desvantagens.
O que é uma moeda fiduciária?
De forma simples, a moeda fiduciária (ou Fiat Currency) é uma moeda sem lastro em metal ou valor intrínseco. Portanto, ela só possui valor porque o governo, a economia e as pessoas em geral atribuem uma valia à moeda fiduciária, mas não porque ela, por si, apresenta algum valor.
Possuir um valor intrínseco significa que esse papel não teria um valor prático se as pessoas ou entidades não atribuíssem uma valia para eles. Por exemplo, uma nota de cem reais é apenas um pedaço de papel. No entanto, como há um valor intrínseco nela, a usamos como dinheiro.
Dessa forma, é considerado moeda fiduciária qualquer documento que seja aceito como método de pagamento e seu valor depende da confiança na instituição que o emitiu.
Na prática, o real, o dólar, o euro e qualquer uma dessas moedas são moedas fiduciárias porque elas não possuem um valor intrínseco, mas apenas o valor atribuído a elas.
Entre exemplos de moeda fiduciária podemos citar:
- Cédulas de dinheiro;
- Moedas;
- Cheques;
- Notas promissórias;
- Títulos de crédito;
- Saldo bancário.
Quando ela surgiu?
Não existem documentos que provem a origem das moedas fiduciárias. No entanto, acredita-se que elas surgiram na China, com a dinastia Song. Lá, entre os anos de 960 a 1279, teria acontecido a primeira emissão de uma moeda fiduciária de papel.
Ao longo do século XVII, houve tentativas de experimentar a moeda fiduciária, mas os resultados não foram bons. Apenas no século XX que ela emplacou. Em 1933, o governo dos Estados Unidos acabou com a prática de trocar dinheiro em papel por ouro. No entanto, apenas em 1972, o governo abandonou completamente o padrão ouro e mudou para o sistema de moeda fiduciária. Isso fez com que esse tipo de moeda se tornasse muito mais abrangente no mundo todo.
A moeda fiduciária e o padrão ouro
A moeda fiduciária substituiu o chamado padrão ouro, sistema monetário que havia um lastro em ouro. Ou seja, ela possuía um valor intrínseco e os bancos deveriam converter as notas de dinheiro em ouro sempre que um cliente solicitasse.
Com o padrão ouro, os governos tinham imensas reservas de ouro armazenadas e o valor das moedas estava relacionado a essas reservas. Dessa forma, se o governo emitisse algum papel-moeda sem que aumentasse sua reserva de ouro, o dinheiro iria se desvalorizar. Assim como ele se valorizava caso a reserva aumentasse sem que fossem emitidos mais papéis.
Esse modelo teve força até a Primeira Guerra Mundial e, após esse período, foi sendo substituído pela moeda fiduciária que hoje é a mais usada do mundo todo.
De onde vem seu valor?
Como dissemos anteriormente, uma moeda fiduciária não possui lastro em metal ou valor intrínseco, então de onde vem o seu valor? Ele vem de três pilares principais. Vamos explicar a seguir.
Autoridade
O principal fator que determina o valor de uma moeda fiduciária é a autoridade de quem a emitiu. Para que uma moeda comece a circular e tenha valor, ela precisa ser emitida pelo Banco Central do país de origem. Assim, o governo declara que aquela moeda tem curso legal e seja obrigatoriamente aceita por todos dentro do país.
Portanto, se o governo declara que não aceita algum tipo de moeda, ele força as empresas e pessoas a aceitarem outra moeda como meio de pagamento, reserva de valor e unidade de riqueza.
Utilização
Após a aceitação da moeda ser imposta, existe o segundo aspecto que determina o seu valor, a utilização. A quantidade de pessoas e instituições utilizando essa moeda também influencia em sua valorização. Portanto, quanto mais pessoas a utilizam, mais alto seu valor.
Se a economia que utiliza determinada moeda é rica e poderosa, mais pessoas irão utilizar sua moeda e ela terá mais força.
Confiança
O terceiro e último pilar é a confiança que as pessoas e instituições têm naquela moeda. Assim, quanto mais pessoas confiam nela, mais forte ela se torna.
Por isso, os governos também precisam trabalhar na manutenção do valor de sua moeda, pois, quando as autoridades assumem essa responsabilidade, a moeda passa a ter o valor atrelado à confiança que os agentes econômicos depositam nele.
Portanto, é fundamental que o Banco Central de cada país possua políticas monetárias que combatam a inflação e torne a sua moeda estável. No Brasil, essa função é do Banco Central do Brasil (Bacen) e, se a confiança na instituição for quebrada e a moeda perder seu valor, pode trazer consequências financeiras para o país.
Podemos citar como exemplo de uma moeda fiduciária de alto valor o dólar. Ela possui os três pilares citados acima. É emitida pelo Federal Reserve norte-americano, que possui força e respeito.
Assim, muitas pessoas confiam e usam o dólar, tornando-o a moeda fiduciária mais forte do mundo e aceita em praticamente qualquer lugar. Por isso, é muito vantajoso investir em dólar, por exemplo.
Quais as vantagens e as desvantagens?
As moedas fiduciárias possuem algumas vantagens e desvantagens, como qualquer tipo de moeda. Por isso, seu uso ainda é uma divergência entre especialistas. Veja abaixo quais são elas.
Vantagens
Uma de suas principais vantagens é que as moedas fiduciárias não estão sujeitas à escassez. Um problema comum em um modelo lastreado em metal porque a quantidade de moeda em circulação e o seu valor não dependem de um estoque material, que pode ser limitado.
Além disso, podemos citar outras vantagens como:
- Sua produção é mais barata do que os modelos baseados em commodities;
- O armazenamento é muito mais fácil do que as reservas de ouro, uma vez que elas não precisam de locais específicos, monitoramento e proteção. Tudo isso gera custos adicionais aos governos;
- As moedas fiduciárias são utilizadas pela maioria das nações, o que facilita as negociações internacionais.
Desvantagens
Por outro lado, as moedas fiduciárias também possuem algumas desvantagens, das quais podemos destacar:
- Por não possuir um valor intrínseco, nada impede o governo de emitir quanto dinheiro quiser. Assim, são necessárias políticas monetárias bem ajustadas, para que não ocorra uma hiperinflação e o colapso do sistema econômico;
- Historicamente, a implementação do sistema dessas moedas já trouxe alguns colapsos financeiros, o que demonstra que seu uso pode ser arriscado.
Dicas finais
Entender como funciona a moeda fiduciária é muito importante para compreender a economia mundial e suas políticas monetárias. Por isso, conhecendo tudo sobre ela, você pode realizar seus investimentos com muito mais tranquilidade.
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