Como a retenção de talentos pode ser a chave para o sucesso
Qual é o segredo do sucesso de empresas que estão consolidadas no mercado? Essa é uma pergunta que muitos líderes se fazem, buscando um elemento chave para garantir uma operação que traga resultados. Parte essencial de qualquer negócio são as pessoas escolhidas para trabalhar naquele projeto. E mais que recrutar bem, as empresas precisam estar de olho na retenção de talentos.
O mercado de trabalho atual é extremamente complexo e competitivo, por isso empresas que não apresentem diferenciais e ações pontuais para reter talentos tendem a contratar profissionais comuns e perder os excepcionais.
Estamos falando de estratégias que buscam oferecer benefícios corporativos, valorizar e reconhecer as habilidades dos colaboradores, com o objetivo de evitar que a empresa perca bons profissionais por sentimentos como falta de reconhecimento, insatisfação ou outra razão que possa levar um funcionário a querer trocar de emprego.
Por que se preocupar?
Trabalhar a retenção de talentos é fundamental para a performance de uma empresa. Uma pesquisa da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, descobriu que um profissional talentoso é 400% mais produtivo do que um colaborador comum. Em trabalhos com um nível de complexidade maior, o número pode chegar a 800%.
Além de aumentar a produtividade da empresa, investir em estratégias de retenção de talentos ajuda a reduzir o índice de turnover, ou seja, a rotatividade de funcionários na sua empresa. Com isso, evita-se gastos desnecessários.
O Brasil é o país com o maior índice de rotatividade, de acordo com um estudo da consultoria de recursos humanos Robert Half que analisou 13 nações. A rotatividade de pessoal no país aumentou 82% entre 2010 e 2019, valor muito superior à média mundial de 38%. As principais razões pelas saídas dos profissionais foram falta de reconhecimento, desmotivação e incertezas em relação ao futuro.
Os setores que apresentam os índices são altos de turnover são os de comércio, construção civil, agropecuária, call center e serviços. Vale lembrar que o custo de perder um profissional varia entre 1,5 e 2 vezes o que ele ganha por ano, levando em consideração os esforços para encontrar outro profissional e a perda na produtividade. Ou seja, alta rotatividade é sinônimo de mais dor de cabeça e mais prejuízo.
Por esses e outros motivos, é cada vez mais urgente que as empresas utilizem seus recursos para reter talentos estratégicos para suas operações. Confira alguns outros benefícios da prática:
- Construção de um ambiente de trabalho harmônico e agradável
- Aumento do nível de colaboração entre os colegas
- Potencialização do engajamento dos colaboradores
- Continuidade a processos de qualidade
- Economia do dinheiro necessário para realizar novos processos seletivos
- Impacto positivo na imagem da empresa no mercado
- Atração de novos talentos
- Retenção do conhecimento e expertise dos colaboradores.
Para chegar até esses resultados não é necessário nenhum plano complexo. É essencial que a empresa mostre preocupação com o bem-estar do seu time e dê oportunidades para que cada colaborador se desenvolva pessoalmente e profissionalmente.
Vale ressaltar, entretanto, que cada indivíduo possui necessidades e perfis diferentes. Consequentemente, uma estratégia única ou ação isolada provavelmente não será eficaz nem terá repercussão no longo prazo. Para que a retenção de colaboradores seja bem-sucedida, é preciso trabalhar frentes diversas e complementares.
Salário não é tudo: reinventando a retenção de talentos
De acordo com um levantamento de 2017 da consultoria internacional HayGroup a remuneração é o fator menos importante quando se trata de reter talentos. A pesquisa analisou mais de 5 milhões de profissionais em mais de 19 países. Os profissionais afirmaram almejar um bom ambiente de trabalho, que lhes traga reconhecimento e no qual se sintam orgulhosos de trabalhar.
O Guia Salarial 2021, publicado pela consultoria Robert Half, revela que o pacote de benefícios é o segundo critério (20%) mais importante para o profissional brasileiro escolher um emprego, atrás apenas da possibilidade de crescimento na empresa (40%).
Portanto, apostar simplesmente na remuneração financeira, por exemplo, pode não ser uma estratégica eficaz. É preciso criar um ambiente de trabalho que inspire segurança em todos que fazem parte do time. Em tempos de instabilidade econômica, por exemplo, é interessante trazer benefícios que demonstrem uma preocupação com o bem-estar do colaborador e sejam um diferencial competitivo de outros negócios.
Boas alternativas são oferecer previdência privada como benefício corporativo e promover ações de educação financeira na empresa. De acordo com as pesquisas Estresse Financeiro dos Brasileiros e Tendências em Benefícios para 2021, realizadas pela Onze, os três benefícios corporativos mais desejados pelos colaboradores estão relacionados à saúde financeira.
Por causa da pandemia do coronavírus e da instabilidade econômica, o dinheiro se tornou uma fonte de preocupação tão grande entre os brasileiros que o desejo de ter benefícios financeiros ultrapassa outros atrativos como plano de saúde e jornadas de trabalho flexíveis. Então, cuidar do futuro financeiro dos colaboradores é uma preocupação que deve estar cada vez mais incorporada à cultura das empresas.
Ao oferecer benefícios que contribuam para o bem-estar financeiro do quadro de pessoal, as organizações têm uma vantagem competitiva sobre as demais e conseguem atrair e reter os melhores talentos do mercado. Essas iniciativas podem ter baixo custo, mas um alto valor agregado aos colaboradores, que se sentem valorizados e cuidados.
Segurança financeira faz diferença
Como citado anteriormente, uma das grandes preocupações dos trabalhadores é a segurança financeira. Uma pesquisa de 2017 da Pwc norte-americana revelou que 53% dos profissionais se sentem estressados devido a questões financeiras e 76% deles trocariam de emprego se outra empresa oferecesse iniciativas focadas na saúde financeira dos funcionários.
As finanças são atualmente o maior motivo de preocupação dos brasileiros, contemplando 71% dos entrevistados da pesquisa sobre tendência em benefícios corporativos para 2021, realizada pela Onze. E esse sentimento possui impactos negativos dentro do ambiente de trabalho. Colaboradores preocupados com dinheiro podem apresentar queda de produtividade, falta de concentração e problemas de relacionamento dentro da empresa, além de se tornarem mais suscetíveis a doenças e efeitos do estresse.
Apostar no planejamento financeiro faz com que os profissionais se sintam mais seguros e fiquem mais próximos de alcançarem suas metas, segundo o levantamento de 2014 da empresa de serviços financeiros norte-americana Northwestern Mutual. Com a reforma da previdência, os trabalhadores começaram a se preocupar ainda mais em planejar a aposentadoria. Um dos melhores métodos para isso é a previdência privada, que pode dar segurança e bons retornos.
Por isso, uma estratégia bastante usada por grandes empresas do mundo é oferecer aos funcionários um plano de previdência privada corporativo como benefício. Além de ajudar os colaboradores a poupar com frequência e ver o dinheiro rendendo ao longo dos anos, a empresas podem optar também pelo chamado “match” – uma contribuição mensal similar à do colaborador.
E o impacto na satisfação no trabalho é positivo. Segundo as análises da Onze, 76% dos entrevistados estão satisfeitos com seu emprego atual. Mas a satisfação salta para 82% entre aqueles que possuem benefícios como previdência corporativa. Além disso, 44% dos trabalhadores garantem os benefícios oferecidos pela empresa em que trabalham é um dos principais motivos para se continuar no local. Esse percentual sobe para 65% quando a organização oferece planos de previdência corporativa.
E as empresas que praticam o lucro real têm algumas vantagens fiscais que tornam o benefício mais vantajoso em comparação ao aumento salarial, por exemplo. Em outras palavras, é mais barato dar a um funcionários R$ 500 em previdência do que R$ 500 em salário, graças aos descontos tributários.
Outra ideia é oferecer a chamada aposentadoria por fases, desejada por 70% dos entrevistados de um levantamento feito pela MetLife. Segundo a empresa, oferecer a profissionais sêniores mais opções de aposentadoria ajuda a reter os talentos com mais experiência, facilitando com o que o conhecimento adquirido seja passado adiante.
Outras formas de reter talentos
Além das questões financeiras, outros fatores também possuem grande peso na hora que os profissionais precisam decidir aceitar ou negar uma oferta de trabalho. Para reter talentos, a companhia precisa ter algumas características básicas, como:
- Bom clima organizacional
- Plano de carreira
- Salário compatível com o mercado
- Benefícios, previstos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou a mais
- Possibilidade de crescimento dentro da empresa
- Equipe de Recursos Humanos competente
- Novos desafios para os colaboradores
Vale lembrar ainda que a lista de prioridades pode variar de acordo com a geração do profissional. A geração Z, com profissionais de 18 a 24 anos, valoriza empresas que ofereçam oportunidades de treinamento e desenvolvimento profissional, de acordo com estudo da Randstad, empresa holandesa especializada em soluções de trabalho flexível.
Já para os millenials, quem tem em torno de 30 anos, o grande atrativo é um empregador reconhecido pelo mercado. Para quem tem mais de 40 anos, a prioridade é ter um regime de trabalho flexível. Os funcionários com mais de 50 anos procuram, especialmente, por boas oportunidades de carreira.
A faixa etária também influencia o que os profissionais priorizam no pacote de benefícios. Quanto mais seniores e experientes são os colaboradores, mais importante se tornam benefícios com impacto no longo prazo.
Um exemplo extraído da pesquisa sobre benefícios corporativos da Onze é que entre colaboradores com mais de 26 anos a previdência aparece em quinto lugar nas preferências. Quando o recorte é feito com colaboradores acima de 34 anos, o benefício sobe para o quarto lugar.
A busca pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional tem aumentado entre os trabalhadores de todas as idades. Por isso, os talentos valorizam empresas que também oferecem aos colaboradores a possibilidade de ter mais tempo livre, de acordo com pesquisa da MetLife. Oferecer medidas que contribuam para o desenvolvimento de competências e do crescimento profissional, como formação de pessoal, descontos ou incentivos à especialização e bolsas de estudos também são extremamente valorizados pela força de trabalho.
O papel da RH na retenção de talentos
Cabe ao setor de recursos humanos das empresas avaliar e implementar as ações e práticas que melhor atendam às necessidades da companhia. Algumas estratégias como fazer um estudo de perfil comportamental (tanto de candidatos como de profissionais já inseridos na empresa) e trabalhar a cultura da empresa reforçando valores primordiais terão benefícios ao longo prazo para a retenção de talentos.
Entender quem são os colaboradores da empresa facilita o planejamento estratégico de ações que atendam às suas necessidades e desejos. Além disso, é preciso mensurar o fit cultural do colaborador. A expressão faz referência à adaptação da pessoa em relação à empresa, ou seja, quão bem ela se encaixa no que é esperado pela empresa em questão de comportamento. Profissionais com fit cultural maior tendem a permanecer mais tempo na organização, principalmente por acreditarem em seu propósito.
Mas o olhar não deve ser apenas interno. Os profissionais devem levar em consideração o que é praticado no mercado, para manter a empresa competitiva. Trazer soluções únicas e ainda pouco exploradas pela concorrência pode ser o diferencial entre conquistar aquele profissional que vai alavancar a empresa ou manter o status quo.