Tesouro Direto: o que é, história e opções de títulos para investir
O Tesouro Direto se consolidou ao longo dos anos como uma das aplicações de renda fixa mais atrativas do Brasil. Não é para menos, afinal, até mesmo em meio às turbulências da crise econômica, lá estava ele, firme, forte e rentável.
De fato, é um ativo cheio de vantagens, seja para os que pretendem resultados em curto prazo, como para os mais conservadores. Serve para quem quer sair da poupança, diversificar as aplicações, planejar a aposentadoria ou construir uma reserva de emergência.
Mas por que esse título é tão recomendado? O que o torna tão especial se comparado com outros de rentabilidade pré-fixada? Essas e outras questões que você pode ter sobre o investimento serão respondidas a partir de agora. Siga a leitura e saiba tudo sobre o Tesouro Direto!
O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do governo federal que estabelece a venda de títulos da dívida pública como forma de arrecadar recursos para financiar as suas operações.
Foi instituído em 2002, em uma parceria do governo federal com a BM&F Bovespa, atual B3, a bolsa de valores do Brasil. A ideia que balizou sua criação era simples: democratizar o acesso aos títulos públicos usados para custear a dívida da União.
Por mais que o governo seja constituído para atender aos interesses da população, em certos aspectos, ele não deixa de ser também uma empresa. Assim sendo, precisa de dinheiro para sustentar suas atividades e, com isso, prover serviços melhores.
E uma das formas de captar esses recursos é por meio do Tesouro Nacional que, por sua vez, administra os títulos vinculados ao Tesouro Direto. Por isso, ao comprá-los, o investidor se torna credor do governo que, em troca, o remunera pelo dinheiro empenhado.
A compra de um título do Tesouro Direto pode ser feita com valores extremamente baixos. Por exemplo, basta ter R$ 35,96 (preço mínimo do Tesouro Direto IPCA+2035) e você já se torna um investidor.
Não por acaso, quando o brasileiro pensa em alternativas para sair da poupança e ver seu dinheiro render mais, é a essa aplicação que costuma recorrer. Tanto é assim que, segundo balanço divulgado em maio de 2020, o Tesouro Direto soma mais de 7 milhões de investidores – um aumento de 67,3% em 12 meses.
Ainda neste texto, vamos trazer outras estatísticas interessantes sobre o programa do governo federal. Antes, cabe falar um pouco sobre a sua recente história.
História do Tesouro Direto
Como já destacado, o Tesouro Direto é um programa relativamente novo, com 18 anos de história. E, embora seja uma aplicação de renda fixa, já teve muitos momentos de oscilação.
Sua evolução histórica comprova que, por mais seguro que seja, há períodos de queda em que ele pode ser menos interessante.
Foi o que aconteceu em 2013, por exemplo, ano em que o Tesouro Direto amargou perdas de 33,04%. Os títulos corrigidos por indicadores como a Selic e o IPCA, por exemplo, se tornam menos atrativos quando as taxas estão em patamares baixos.
Mas há também nessa história recente episódios de comemoração para os investidores. Um dos mais marcantes deles foi registrado em 2016, ano que um dos títulos do Tesouro Direto superou até mesmo a rentabilidade de ações, com incrível variação positiva de 53% – incluindo um avanço de 11,69% em apenas 30 dias.
Tipos de títulos do Tesouro
O mais interessante do Tesouro Direto é que, embora seja um ativo de renda fixa, em certos momentos, ele pode até ser visto como um investimento em renda variável – a própria rentabilidade recorde em 2016 é uma prova disso.
O programa conta com uma gama de aplicações em títulos com rentabilidades prefixadas, pós-fixadas ou híbridas.
Ou seja: ainda que, ao investir, você tenha a segurança da taxa contratada, pode ser mais ou menos vantajoso para quem deseja operar no curto prazo e resgatar antes do prazo de vencimento. Tudo vai depender da variação na taxa Selic e do IPCA, seus principais indexadores.
É por isso que existem portais que, diariamente, veiculam notícias dando conta da rentabilidade do Tesouro Direto para o dia. Estar atento a essas variações, portanto, faz muita diferença nos resultados.
Conheça então os três tipos de títulos, suas vantagens e características.
Tesouro Direto Prefixado
Investidores de perfil conservador têm tolerância muito baixa a qualquer perda. Para eles, o Tesouro Direto Prefixado é a melhor aplicação. Nos títulos desta categoria, a rentabilidade é sempre a mesma, não variando em hipótese alguma.
Sendo assim, ao investir, você saberá exatamente o quanto vai receber na data do vencimento.
Tesouro Direto Selic
O governo sabe que existem pessoas com diferentes objetivos ao fazer uma aplicação financeira. Enquanto há os conservadores que trabalham com metas de longo prazo, há os que preferem aplicações de maior liquidez, ou seja, que possam ser rapidamente resgatadas.
Esse é o perfil mais indicado para investir no Tesouro Direto Selic, título com rendimento pós-fixado pela taxa básica.
É a aplicação ideal para quem quer reduzir perdas por resgate antecipado, já que, nesse caso, a discrepância entre a taxa contratada e do momento do resgate é menor. Funciona bem como reserva de emergência e alternativa à poupança.
Tesouro Direto IPCA
O Tesouro Direto IPCA, por sua vez, rende pela combinação de uma taxa pré-fixada somada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Dessa forma, trata-se de uma aplicação que preserva o valor do dinheiro e, ao mesmo tempo, garante sua rentabilidade.
No entanto, o que o torna interessante é a maior variedade de títulos disponíveis. São seis alternativas para se obter o máximo de rendimento em uma aplicação híbrida que proporciona resultados superiores.
Se colocarmos lado a lado o rendimento do Tesouro Direto IPCA com juros semestrais 2055 e um CDB, por exemplo, a diferença pode ser superior a 100%. Ou seja, investir no CDB tendo uma aplicação muito mais rentável com objetivos de longo prazo não parece uma boa ideia nesse cenário.
Preços e taxas do Tesouro Direto
Melhor do que só destacarmos as vantagens do Tesouro Direto é mostrar os números que fazem desse investimento o queridinho da renda fixa. Vamos conhecer, então, quanto rende e com quanto você pode começar a investir em cada um dos títulos públicos. Os dados são de junho de 2020.
Tesouro Prefixado
O Tesouro Direto Prefixado se divide em três tipos de títulos:
- Tesouro Prefixado 2023, com aplicação mínima de R$ 36,06 e rentabilidade de 4,20%
- Tesouro Prefixado 2026, com aplicação mínima de R$ 35,36 e rentabilidade de 6,48%
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031, com aplicação mínima de R$ 37,32 e rentabilidade de 7,22%.
Tesouro Selic
O Tesouro Direto Selic 2025 é a única aplicação nessa categoria, cuja compra pode ser feita ao valor mínimo de R$ 106,34. Sua rentabilidade hoje é de 0,344% mais a taxa Selic para o período.
Tesouro Direto IPCA
Por fim, vamos conhecer os diferentes tipos, rentabilidades e atuais taxas para o Tesouro Direto IPCA.
- Tesouro Direto IPCA 2026, com aplicação mínima de R$ 55,65 e rentabilidade de 2,78% mais a variação do IPCA para o período
- Tesouro Direto IPCA 2035, com aplicação mínima de R$ 35,96 e rentabilidade de 4,16% mais a variação do IPCA para o período
- Tesouro Direto IPCA 2045, com aplicação mínima de R$ 35,92 e rentabilidade de 4,16% mais a variação do IPCA para o período
- Tesouro Direto IPCA com juros semestrais 2030, com aplicação mínima de R$ 40,94 e rentabilidade de 3,35% mais a variação do IPCA para o período.
- Tesouro Direto IPCA com juros semestrais 2040, com aplicação mínima de R$ 42,02 e rentabilidade de 4,10% mais a variação do IPCA para o período.
- Tesouro Direto IPCA com juros semestrais 2055, com aplicação mínima de R$ 43,32 e rentabilidade de 4,27% mais a variação do IPCA para o período.
O que afeta a rentabilidade do Tesouro Direto
Por ser uma aplicação sujeita a variações na rentabilidade, é preciso avaliar bem o momento de investir. Dependendo da evolução e perspectivas para a taxa básica, por exemplo, pode ser mais interessante adiar a compra, preferindo o Tesouro Prefixado.
O mesmo se aplica ao Tesouro IPCA, ainda que, nesse caso, as taxas fixas associadas possam ser atrativas. Essas variações, aliás, impactam diretamente para quem faz o resgate antecipado, no qual a rentabilidade deixa de ser a contratada, podendo variar para mais ou para menos.
Então, se você decidir investir no Tesouro Direto no curto prazo, deve saber que, se resgatar antes do vencimento, terá um rendimento que pode não ser o esperado. Portanto, não deixe de considerar a evolução de cada indexador antes de investir, além de observar as taxas de custódia praticadas pela corretora escolhida.
Estatísticas do Tesouro Direto
Alinhado às políticas de transparência do governo, o Tesouro Direto divulga mensalmente as estatísticas para o programa. De acordo com o último documento, relativo a maio de 2020, os números comprovam o crescimento no volume de títulos negociados.
Conforme o próprio Tesouro Nacional, as vendas somaram R$ 2,1 milhões. Por sua vez, os resgates totalizaram R$ 1,4 milhões. Destaque para o Tesouro Selic, que alcançou 50,2% de participação nas vendas.
Quanto ao número de investidores, destacamos antes que eles superam os 7 milhões. Entretanto, considerando aqueles que se mantêm ativos na plataforma, o total chega a 1,3 milhão, com 28 mil novos investidores ativos no mês de maio de 2020, segundo balanço oficial.
A maioria é formada por homens (68,5%), com 26 a 35 anos (37,0%), moradores da Região Sudeste (58,6%)
Bons motivos não faltam para você conhecer e investir no Tesouro Direto, certo? Seja qual for a modalidade, tenha certeza de contar com uma aplicação segura, chancelada pelo governo federal.
Além disso, os títulos públicos são fortes candidatos ao posto de melhor investimento em renda fixa, até mesmo em longo prazo. Se você concorda e quer aplicar, tem agora informações valiosas para montar sua estratégia.
E para saber ainda mais dicas e orientações para ajudar nas suas finanças, acesse os conteúdos no blog da Onze.